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Alaíde omite contrato em resposta à Câmara

Prefeita interina de Mauá deixa de indicar acordo feito em 2017 e mira culpa apenas para Donisete

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
18/07/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Em resposta a questionamentos feitos pela Câmara de Mauá, a prefeita interina Alaíde Damo (MDB) omitiu contrato de uniforme escolar assinado na própria gestão e que foi colocado sob suspeita de irregularidades pela PF (Polícia Federal) no âmbito da Operação Prato Feito, deflagrada em maio para desmontar esquema de desvios em contratos de merenda e vestimentas escolares e que culminou com a prisão do prefeito Atila Jacomussi (PSB) – foi solto no dia 15 de junho.

Ao retornar requerimento, de autoria de todos os vereadores, que exigia pedido de explicações do Paço de Mauá sobre as denúncias que colocaram a cúpula do governo Atila no noticiário nacional e que desencadearam crise política no município, Alaíde eximiu a própria gestão – do qual é vice-prefeita eleita – de responsabilidades e deixou de citar acordo homologado em 2017 com a Reverson Ferraz da Silva-ME, no valor de R$ 8,3 milhões, para fornecimento de uniforme escolar. O contrato foi avalizado pelo então secretário de Educação, Fernando Coppola, o Xuxa, ex-aliado da família Damo.

No documento endereçado ao Legislativo no dia 12 de junho, Alaíde cita apenas contrato promovido em meados de 2015 na gestão do ex-prefeito Donisete Braga (ex-PT, hoje Pros), com a Le Garçon Alimentação e Serviços, que também foi apontado como suspeito. Para justificar o não envio dos documentos exigidos pelos parlamentares no requerimento, como cópias do processo, notas de empenho e liquidação da ordem de pagamento dos serviços, Alaíde argumenta que o pedido “torna-se prejudicado” porque a papelada encontra-se em posse da PF.

A Reverson Ferraz tem como dono o empresário Carlos Zeli Carvalho, vulgo Carlinhos, apontado pela PF como responsável por pagar propina ao hoje prefeito afastado por intermédio do aliado do socialista, o ex-secretário João Gaspar (PCdoB, Governo e de Transportes). Segundo as investigações, Carlinhos realizou dez transferências bancárias para a conta de Gaspar no período de janeiro a outubro de 2016, quando Atila era deputado estadual e que viria a disputar, com êxito, o Paço de Mauá.

O requerimento, aprovado pela Câmara ainda em maio, citou o nome da Reverson e o de todas as firmas investigadas e questionou textualmente se a atual gestão possuía relação contratual com as empresas elencadas no requerimento para o “fornecimento de alimentação escolar”. O acordo, porém, é para fornecimento de uniforme dos alunos da rede local.

Dados do Portal da Transparência do Paço de Mauá revelam que, dos R$ 7 milhões empenhados à Reverson Ferraz, o governo já pagou R$ 3,6 milhões. Os empenhos mais recentes à firma são datados de janeiro e fevereiro deste ano, no total de R$ 3,3 milhões. 




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