Memória Titulo
João Ramalho em miniatura. E as atas da sua estátua em Santo André

"(É) de justiça, por ocasião das comemorações dos citados festejos (4º centenário da Vila de Santo André da Borda do Campo

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
04/01/2010 | 00:00
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"(É) de justiça, por ocasião das comemorações dos citados festejos (4º centenário da Vila de Santo André da Borda do Campo: 1553-1953), que nenhuma outra figura que não João Ramalho, já por ser o fundador da cidade, já por representar um marco vivo na História do Brasil, mereceria ser associado aos ditos festejos".
Hugo de Macedo, executivo da Rhodia, membro da comissão do 4º centenário de Santo André no início da década de 1950.
* * *
Nilton dos Santos Freire nos presenteou, em dezembro do ano passado, com um documento importantíssimo para a história da cidade de Santo André: as atas das reuniões preparatórias para a construção do monumento a João Ramalho.
O monumento de Santo André a João Ramalho é devido exclusivamente à colônia portuguesa local. A própria comissão oficial dos festejos do IV Centenário de Santo André desistiu de construir o monumento. Uma comissão paralela foi organizada e a estátua, em ponto de honra do Paço Municipal, celebrará em 8 de abril próximo 57 anos de inauguração.
Das cinco atas, Nilton Freire transcreveu a primeira, cuja reunião foi realizada em 22 de setembro de 1952, no salão nobre da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santo André.

Uma obra de Emanuele Manasse
Texto: Nilton Freire
1 - Nas cinco reuniões realizadas, escolheu-se o artista encarregado da feitura da estátua, Emanuele Manasse.
2 - Inicialmente foi apresentada uma proposta para uma estátua de três metros e 20 centímetros de altura, com um pedestal em granito de três metros e o custo estimado em 320 mil cruzeiros. Várias foram as propostas apresentadas. Venceu Manasse, com um custo de 340 mil cruzeiros: 90 mil na assinatura do contrato e o restante dividido em duas parcelas, uma quando a estátua fosse fundida e outra quando estivesse colocada na praça.
3 - Coube ao historiador Tito Lívio Ferreira colaborar na elaboração do texto histórico.
4 - Transcrevemos apenas a primeira ata, pois são manuscritas, e apesar da letra ser bem legível é necessário cuidado ao transcrever. Algumas assinaturas são ilegíveis.
5 - Pretendo também doar uma cópia das atas ao Museu de Santo André. Estes textos contêm uma página interessante da história da cidade e dos personagens que a fizeram, os quais merecem ser lembrados por nossa tão pobre memória.
6 - As reuniões foram realizadas em 22 e 29 de setembro, 6, 13 e 20 de outubro de 1952, sempre na Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santo André.

ERA 1952...
Participantes da primeira reunião: Joaquim José de Andrade Filho, Mário dos Santos Simões, Manoel Gomes Cardoso, Francisco Braz, José Ferreira dos Santos, Alfredo de Freitas, Américo Augusto, Evaristo de Carvalho, Manoel dos Santos Simões, Joaquim Antunes dos Santos, Dr. Hugo de Macedo e José Abrantes Saraiva.
A ideia geral foi a de que a colônia portuguesa de todo o Grande ABC, mais São Paulo e cidades do interior, deveria ser envolvida no projeto. E foi o que aconteceu.

TONINHO DO NOSSO BAR
Nilton dos Santos Freire é filho de Antonio Freire, o que revitalizou o Nosso Bar e incutiu na família a necessidade de preservação do prédio centenário onde o estabelecimento funcionou, no Centro de Santo André.
Antonio Freire nasceu em Portugal, em 1º de fevereiro de 1920. Veio jovem para o Brasil. Viveu em Paranapiacaba. Estudou na 5ª Escola Mista de Piassaguera, na raiz da Serra do Mar.
Nilton, o filho, cultua a memória familiar e da cidade. Guarda duas miniaturas da estátua de João Ramalho, numeradas - ele tem as estátuas nº 8 e 18. Uma raridade.

Diário há 30 anos

Manchete - Delfim Neto, ministro do Planejamento) explica taxa de inflação e prevê queda este ano.

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Polícia - Menina de 13 anos morta a tiro por acidente em Mauá.

EM 4 DE JANEIRO DE...

1920 - Padre Luiz Capra, vigário de Santo André, falece após celebração de missa em São Caetano, no atual Bairro Fundação.

1970 - Inaugurado o sistema viário central de Santo André, com o Viaduto Luiz Carlos Berrini, atual Viaduto da Acisa.

HOJE
Dia da Abreugrafia e dia do Hemofílico

Trabalhadores
FONTE: SQABC
Nascem em 4 de janeiro:
1 - Atílio Cavognolli. 1891. Milano. Itália. Servente de pedreiro da Usina Colombina.
2 - Francisco Vasconcelos Silva. 1895. Igarapava (SP). Ajudante de caldeira da Rhodia.
3 - Francisco J. Parra. 1898. Carrilho, Espanha. Pedreiro da Adubos Adri.
4 - Bronislaw Kosowski. 1902. Polônia. Servente da Brasitex, São Caetano.
5 - Agenor Ghisloto. 1919. Espírito Santo do Pinhal (SP). Servente de fabricação da Rhodia.

Agenda pró-memória de São Caetano
1878 - 132 anos da chegada da segunda leva de imigrantes italianos a São Caetano.

SANTOS DO DIA
Ângela de Foligno, Caio, Ermete, Hermes e Tito.

Acervo da estampa: Vangelista Bazani e João de Deus Martine'z.

Falecimentos

HELENA BOYCO TARASINSKY
(Kiev, Ucrânia, 26-5-1911 - Santo André 28-12-2009)

A jovem Helena, sua mãe e mais oito irmãos vieram como imigrantes para o Brasil quando da eclosão da revolução socialista. O pai morreu durante a guerra e havia um temor quanto ao novo regime que formou a União Soviética. Pastores protestantes ucranianos, em contato com pastores brasileiros, acertaram o envio de várias famílias emigrantes cujo destino eram os cafezais paulistas.
Difícil se acostumar com o trabalho duro na terra, no caso dos Boyco numa fazenda de Ipauçu. Com as parcas economias juntadas foi possível comprar passagens de volta para a mãe e seis filhos. Helena, Maria e Teodoro permaneceram no Brasil e nunca mais veriam os familiares.
Os três irmãos deixaram o Interior. Vieram para a Capital. Helena e Maria trabalharam de domésticas para famílias norte-americanas e Teodoro como garçon. Teodoro faleceu cedo, ainda solteiro. Helena e Maria casaram-se em São Paulo. Helena conheceu Alexandre Tarasinsky, de nacionalidade romena; alterou em um ano a data do seu nascimento para poder casar-se, já que não havia ninguém da família que pudesse assinar por ela, ainda menor de idade, com 20 anos. Por isso que, oficialmente, ela é de 1910. Do casamento nasceram os gêmeos Pedro, de profissão funileiro, hoje residente em Santo André, e Vitório, artista plástico com uma belíssima obra, inclusive quadros doados ao Museu de Santo André. A família da irmã Maria foi viver no bairro da Casa Verde e ali Maria faleceu aos 74 anos de idade.
Helena e Alexandre vieram para o Bairro dos Meninos, hoje Rudge Ramos, por volta de 1940; depois mudaram para Santo André, residindo na Vila Bastos e Vila Cecília Maria; mais tarde, Helena mudou para o Bairro Clube de Campo e ali permaneceu até 2000, quando passou a residir com a neta Sonia.
"Ela era calma e independente, não era amarga, tinha opinião, sabia vários idiomas - ucraniano, russo e o inglês, aprendido quando trabalhava para norte-americanos. Foi uma excelente costureira, realizando trabalhos para madames de São Paulo. Até dois meses atrás fazia questão de realizar todos os trabalhos domésticos", testemunha Sonia.
Dona Helena partiu com 99 anos oficiais. Diferentemente da juventude, já tinha uma outra opinião sobre o regime socialista, acreditando que foi bom para o seu país. Deixa os netos Sonia e Sidnei (também gêmeos) e Cristina, além de oito bisnetos e dois tataranetos. Está sepultada no Cemitério Cristo Redentor, em Vila Pires.




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