Desvendando a economia Titulo Análise
Consequências econômicas do hexa
Metodista*
30/06/2018 | 07:22
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Talvez você, caro leitor, ao se deparar com o tema deste artigo, esteja se perguntando: qual a relação entre a Copa do Mundo e a economia? Que consequências econômicas advêm de um título mundial?

Nos últimos 15 dias, estamos acompanhando um dos maiores eventos esportivos do mundo. O espetáculo ocorre na Rússia com transmissão para mais de 200 países. Desde 1930, a cada quatro anos, o planeta se rende aos encantos futebolísticos das melhores seleções do planeta. O evento é um sucesso em diversas áreas, inclusive a econômica. Isso mesmo, a econômica!

Segundo projeções da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) em parceria com o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), a copa movimentará R$ 20 bilhões na economia nacional. Pode-se considerar um valor bem expressivo, principalmente ao observarmos a difícil situação econômica que o País enfrenta. Ademais, a Copa do Mundo tem um forte impacto psicológico na confiança e autoestima dos brasileiros. No assim chamado ‘país do futebol’, um título da copa promove mix de alegria e confiança, o que historicamente tem ajudado o Brasil a olhar para o futuro com mais esperança e otimismo. Esse fato também pode ser observado, com maior ou menor intensidade, em todos os países que já conquistaram a tão cobiçada taça.

Será que vencer um campeonato mundial influencia de alguma maneira a atividade econômica do país ganhador? Tradicionalmente, a Copa do Mundo ocorre entre o fim do segundo trimestre e início do terceiro. Após um levantamento histórico, identificamos que países que vinham de momentos políticos ou econômicos conturbados obtiveram uma melhora imediata no terceiro trimestre do respectivo ano da conquista.

Além disso, o efeito copa proporciona nos países ganhadores um aumento na autoestima da população e no sentimento de orgulho nacional.

O Brasil, por exemplo, teve um crescimento significativo no terceiro trimestre de 2002, algo fora dos padrões para aquele ano. Será que o pentacampeonato teve alguma influência para o período? Outro exemplo é a Espanha, o país ibérico sempre teve dois dos clubes mais importantes do mundo (Real Madrid e Barcelona), mas jamais havia conquistado uma Copa do Mundo. Finalmente, em 2010, na África do Sul, veio a tão sonhada conquista.

A crise financeira norte-americana que eclodiu em meados de 2008 atingiu em cheio a economia espanhola, que enfrentou sete trimestres seguidos de queda no PIB (Produto Interno Bruto). O desemprego chegou a uma taxa de 20%, causando, consequentemente, impactos sociais e financeiros. Porém, a partir do terceiro trimestre de 2010, a economia espanhola começou a reverter esse quadro, interrompendo o ciclo de quedas consecutivas na atividade econômica. Será que o primeiro título mundial da fúria contribuiu para suavização da crise financeira do País?

Não é possível mensurar precisamente os efeitos econômicos de um título mundial no país vencedor. Entretanto, não podemos negar o óbvio! Um número incontável de pessoas são amantes desse esporte, ele movimenta bilhões todos os anos ao redor do mundo. O brasileiro em especial tem um caso de amor com sua seleção.

Por coincidência ou não, todos os anos em que o Brasil levou a taça, o País estava em meio a problemas sociais, políticos ou econômicos, e a conquista da copa ajudou a resgatar o orgulho de uma população que sofre com as inépcias de seus governantes. Para o início conturbado da década de 50 envolvendo o suicídio de Getúlio Vargas, a seleção canarinho ganhou duas copas seguidas, 1958-1962. Para contrapor os excessos do regime militar, tivemos a inesquecível façanha do tricampeonato em 1970. Para a década de hiperinflação, impeachment de Fernando Collor e início do Plano Real, assistimos ao tetracampeonato em 1994. Por fim, para as dificuldades econômicas no cenário externo que afetaram o Brasil na virada do século, alcançamos o penta em 2002, conquista que inauguraria um ciclo de franco crescimento da economia brasileira. Será que para a atual conjuntura, marcada pelo alto desemprego, pela crise fiscal e pelos maiores escândalos de corrupção de que se tem registro, teremos o hexa como alvorecer de dias melhores?

Em um ano difícil, de incerteza política, de crise fiscal e de amargura e desalento no orgulho nacional, o possível hexa da seleção brasileira viria em uma hora propícia para contrastar com as dificuldades socioeconômicas que os brasileiros vêm enfrentando nesta década. No entanto, os brasileiros não almejam apenas o hexa, querem muito mais: mais emprego, Educação, Segurança, combate a corrupção e um país mais justo com um desenvolvimento sustentável.

* Alexandre Borbely, Anderson Santos, Ângelo Grasino e
Thiago Farias, professor e graduandos de Ciências Econômicas
da Universidade Metodista de São Paulo 




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