Cultura & Lazer Titulo Sesc Santo André
A subjetividade da arte

Exposição, que tem início amanhã no Sesc Santo André, valoriza singularidade dos artistas populares

Miriam Gimenes
22/06/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Até a década de 1950, as famílias menos abastadas usavam, no dia a dia, utensílios – panelas, pratos, copos etc – feitos de cerâmica. Com a chegada de ‘novo material’ na indústria, principalmente o alumínio e o plástico, que eram mais leves e inquebráveis, estes objetos caíram em desuso e as comunidades oleiras, que até então ganhavam parte do sustento vendendo os itens, tiveram de se reinventar.

Uniram a experiência que tinham com criatividade e, assim, desenvolveram a arte popular brasileira, que terá grande parte de sua história contada a partir de amanhã na exposição (Re)Inventar – Artistas Criadores, em cartaz até novembro no Sesc Santo André.

A mostra é feita em parceria com o Museu Casa do Pontal, no Rio de Janeiro – maior acervo de arte popular do País, com 8.500 itens – e reúne 25 artistas populares de Pernambuco, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, com obras que nascem do mundo artesanal e arte em cerâmica.

Angela Mascelani, curadora da exposição, explica que geralmente as pessoas têm preconceito em relação à arte popular e querem apenas taxá-la como artesanato. Não colocam o foco em suas particularidades e detalhes. Por isso, a ideia da mostra é dar um zoom, literalmente – quem visitar vai entender a expressão –, em cada uma dessas obras e mostrar a subjetividade delas. “Os artistas em destaque têm seu estilo e é impossível que quem veja esta exposição não note isso. Temos uma arte muito rica”, diz a curadora.

Para tanto, a exposição, que conta com mais de 100 obras, expõe ao público algumas histórias dos artistas, por meio de recortes biográficos e de depoimentos emblemáticos deles sobre si ou sobre suas invenções. Assim é possível conhecê-los e desvendar as narrativas por trás de cada peça.

Um deles é Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino (1909-1963), que nasceu na pequena Vila de Ribeira dos Santos, foi criado no Alto do Moura, em Pernambuco, e tem espaço na mostra dedicado à sua história. Começou, ainda criança, a modelar pequenos animais e brinquedos com as sobras de barro usado por sua mãe. Suas obras eram vendidas na feira local e chamavam a atenção pela forma singela de retratar situações conhecidas dos habitantes da cidade.

Suas criações, no entanto, só ‘ganharam’ o público quatro décadas depois, quando o artista plástico Augusto Rodrigues (1913-1993) o convidou para participar da Exposição de Cerâmica Popular Pernambucana. Assim como ele, muitos outros tiveram de ‘ganhar o foco’ para serem reconhecidos.

(Re)Inventar – Exposição. Sesc Santo André – Rua Tamarutaca, 302. Abertura amanhã, às 11h, no espaço de eventos. Até 25 de novembro, de terça a sexta, das 10h30 às 21h30. Sábado, domingo e feriado, das 10h30 às 18h30. Gratuito.




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