Caro leitor, na quarta-feira, faz-se memória de Santo Antônio (de Pádua-Itália ou de Lisboa-Portugal), frade discípulo de Jesus através do carisma, isto é, do modo de ser de São Francisco. Contudo, na realidade brasileira atual, mais do que o imaginário sobre um “santo casamenteiro”, gostaria de recordar suas lições acerca do cuidado com os pobres.
Conta-nos a história que Santo Antônio, comovido com a necessidades dos pobres, distribuíra entre eles todo o pão do convento. Certa vez, o frade que cuidava da padaria do convento, desesperado por não ter um pão sequer para alimentar os confrades, veio a Antônio contar-lhe que todo o pão tinha desaparecido. Antônio pediu-lhe que verificasse o cesto onde se colocavam os pães. Pouco depois, voltou o frade com a notícia de que o cesto estava transbordando de pão. Daquele pão foram saciados os frades e os mendigos. Daí deriva o ‘pão de Santo Antônio’.
São conhecidos na literatura os muitos e bem escritos sermões do santo. Peço licença para fazer uso de trecho (de artigo do Frei Celso Márcio Teixeira, OFM) que relaciona seu cuidado com os que ele denominava “pobres de Cristo”. Isto porque a defesa dos pobres, além de suas atitudes no convento, manifestava-se na crítica que fazia a uma sociedade que privilegiava, com riquezas, a alguns (ricos, avarentos, poderosos, usurários e clero), e privava a inúmeras famílias do mínimo necessário para a própria sobrevivência.
Ao comentar a parábola do rico e de Lázaro (Lc 16,19-31), assim ele se expressa: “O rico afligia a Lázaro, porque lhe roubava o benefício que lhe devia dar. Diz Isaías àqueles que não dão aos pobres o que lhes pertence: ‘As rapinas feitas ao pobre encontram-se em vossa casa. Por que calcais aos pés o meu povo e moeis a pancadas os rostos dos pobres?’ A abundância do rico afrontava a miséria do pobre e lançava-lhe ao rosto; o rico explorava Lázaro coberto de chagas, quando passava vestido de púrpura diante de Lázaro, que estava em frente de suas portas” (I Domingo de Pentecostes).
Santo Antônio intercede pelos que rogam a Deus por seus casamentos, mas ajuda-nos, sobretudo, a fazer o bem pelos pobres, a legislar em favor dos necessitados e a oferecer a todos a dignidade que merecem como pessoas humanas e filhos de Deus. Santo Antônio, profeta dos pobres, rogai por nós!
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