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Limpeza de terreno liberado pelo MTST levará até 20 dias

Em São Bernardo, área pertencente à MZM recebeu vistoria do prefeito Orlando Morando ontem

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
12/04/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 Para que todo o lixo e barracos deixados pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) em terreno privado no bairro Assunção, em São Bernardo, sejam retirados por completo, após sete meses de ocupação, são estimados até 20 dias. A previsão é da MZM Incorporadora – construtora proprietária da área invadida – e foi feita na tarde de ontem, durante vistoria à área, que contou com a presença do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB).

Conforme acordado com a Justiça, os integrantes do MTST liberaram a área por completo até a terça-feira (veja a cronologia do caso na arte ao lado).

Ontem, grupo composto por 12 funcionários da empresa fazia a verificação dos barracos, para constatação de que não havia realmente mais nenhuma pessoa no local. Na manhã de hoje, maquinário será encaminhado para a derrubada das estruturas. “Tem lugar que não entra caminhão, então, vamos ter que fazer rua para ir buscar material lá no fundo (do terreno)”, explicou o coordenador de equipamentos e terrenos da MZM, Orlando Luiz de Oliveira, 68 anos.

Empresa também foi contratada para fazer a limpeza das fossas que foram furadas pelo MTST. “Aqui tem muita fossa”, salientou Oliveira.

Para o prefeito Orlando Morando, no entanto, a ação de recuperação do local pode ser concluída em prazo menor. “Entendo que não há necessidade de mais do que uma semana para isso aqui estar limpo”, falou o chefe do Executivo ontem, acompanhado do secretário municipal de Segurança Urbana, Carlos Alberto dos Santos.

O trabalho será árduo. Além da quantidade de barracos erguidos por 8.500 famílias (a maior parte deles não serviu de moradia, mas apenas para demarcação de área), os ocupantes deixaram para trás grande quantidade de resíduos, como papéis, garrafas, roupas, colchões e restos de comida.

Por parte da administração municipal, foram enviadas equipes do Centro de Controle de Zoonoses e da Vigilância Sanitária para averiguação de medidas emergenciais, a fim de coibir a proliferação de insetos transmissores de doenças.

O MTST assinou acordo com o governo do Estado em março para a destinação de locais para a construção de 2.400 moradias em quatro áreas do Grande ABC. Os terrenos estão em análise pela Secretaria Estadual da Habitação. “A Prefeitura não era parte envolvida no processo, mas em nenhum momento aceitei negociar com os invasores, porque temos política habitacional própria da cidade, onde 2.000 pessoas aguardam a sua unidade habitacional. Não pode ser por meio de movimentos de invasão que vão furar a fila e quebrar o rito que existe no município”, ressaltou o prefeito.

 

PREVENÇÃO

Muro deve começar a ser erguido pela empresa proprietária do terreno no início da próxima semana, além da presença constante de vigia, também contratado pela construtora. Na avaliação de Oliveira, porém, não foi a ausência de muralha que ocasionou a situação. “Temos terrenos que são suscetíveis à invasão e esse aqui era o último. Foi uma invasão política”, disse. A GCM (Guarda Civil Municipal) também auxiliará na vigilância do entorno.

 

Sem verba para o frete, famílias pediam ajuda para deixar o local

Bianca Barbosa
Especial para o Diário
 

Após deixarem terreno pertencente à MZM Incorporadora, três famílias de sem-teto ocupavam a calçada da Rua João Augusto de Souza, no bairro Assunção, na manhã de ontem, enquanto planejavam o futuro. Móveis, eletrodomésticos e demais pertences estavam espalhados pela passagem de pedestres. Sem dinheiro para pagar frete, eles tentavam alternativas para carregar os objetos para outro local.

Mulher que preferiu não se identificar relatou à equipe do Diário que morava na invasão com o namorado e a amiga há três meses. Após passar a manhã pedindo dinheiro nas ruas, conseguiu R$ 21, insuficientes para o carreto. “Tinha um trabalho para entregar panfletos hoje, mas não posso sair daqui, porque podem roubar minhas coisas”, lamentou a sem-teto.

Por não ter um lar fixo, ela revela que os filhos têm de morar com a avó. “Sinto muita falta dos meus dois pequenos, mas é uma vida complicada para eles. Melhor continuarem com a vovó”, se emocionou.

A família de outro integrante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) sofre com o mesmo problema. Ele, que também preferiu não se identificar, disse que cinco dos sete filhos residem em abrigos municipais. “Morava em uma casa que foi tomada pelo fogo e depois disso vim para as invasões. Minha família foi desintegrando por causa disso”, destacou o homem, que cuidava de camas, fogão, geladeira e outros pertences na calçada.

Pessoas em situação de rua também estiveram pela área na manhã de ontem na tentativa de se instalarem no local, contou o prefeito Orlando Morando (PSDB). A Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura, no entanto, acompanhou a situação para que nova ocupação não se concretizasse.

 




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