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'O Mecanismo' de fazer a carapuça servir
Do Diário do Grande ABC
10/04/2018 | 11:33
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 Em curto espaço de tempo, O Mecanismo tornou-se a bola da vez em País indiscutivelmente desgastado e cansado de sua própria história, mas que está tendo a oportunidade de conhecê-la melhor, e de maneira bem pedagógica, por meio da série disponível em plataforma streaming. Alguns, é claro, recomendam, elogiam e até compartilham – mesmo sem terem assistido à série. Outros atacam a iniciativa e ainda se vitimizam perante a obra de sonoridade sofrível, mas de enredo sedutor. Afinal, não é todo dia que a TV nos fornece produto com contornos de entretenimento que nos coloca cara a cara com quem se beneficiou ou se beneficia (segundo a narrativa) do dinheiro público, de todo um sistema reprovável, covarde e que, infelizmente, cheira a naftalina.

 Por meio de O Mecanismo sabemos onde vivem, com quem moram, o que fazem, como se vestem e do que se alimentam os algozes da Pátria, que por anos até foram anônimos, e que tempos depois, mesmo ocupando expressivo espaço nos telejornais e na mídia impressa, não nos pareciam, digamos, tão interessantes – no máximo interesseiros. Políticos ou indicados por estes para as mais variadas tarefas, os personagens do ‘núcleo rico’ de O Mecanismo são os mesmos do ‘núcleo dos vilões’. Eles não têm apenas cúmplices – eles também têm família, carrões, piscinas, vida boa e, no decorrer da história inspirada no livro Lava Jato – O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil choram e até parecem sofrer. 

 A sonoplastia de O Mecanismo é ruim e algumas cenas poderiam ser mais bem produzidas. Há, também, muita pegada caricata, mas talvez porque a ficção acaba, neste caso, perdendo feio para as inspirações reais que fazem da série o que ela é – extremamente palatável, enquanto didaticamente detalha ao telespectador como as maiores empreiteiras do País encabeçaram por anos audacioso esquema de corrupção sob custódia da política, o que fez da Petrobras mais que o berço do pré-sal. 

 Melhor que estar na Netflix seria O Mecanismo ser novela das nove, ou propaganda obrigatória gratuita. O conteúdo deveria ser disponibilizado nas escolas e, também, nas prefeituras – em muitas cidades brasileiras, primeira instância de maus usos e costumes licitatórios, que, enquanto ‘abastecem’ o ‘núcleo rico’ da política, patrocinam a falta de remédio nos postos de Saúde, de uniforme nas escolas, e de vergonha na cara de alguns gestores. 

 Mesmo sendo ficção, como sinaliza o lettering inicial, O Mecanismo é conquista institucional. O resto é a carapuça que serve e que, de tão hipócrita e absurda, favorece que a cegueira do Brasil saia aos poucos da função soneca. 

Carla Fiamini é graduada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, pós-graduada em Docência no Ensino Superior, especialista em Assessoria de Imprensa, escritora e palestrante. 

Palavra do leitor

Lula

 Não houve imparcialidade no julgamento de Lula. Foi processo político, decisão política e não decisão jurídica. 

João Baptista Herkenhoff

 Vitória (ES)

Faz pagar

 Ridículo o que fez a torcida do Palmeiras nas imediações do estádio após o término do jogo, depredando a sede da Federação Paulista e a Estação Barra Funda do Metrô (Esportes, ontem). A Polícia Militar e o Ministério Público não solicitaram que jogos entre dois times grandes tivessem torcida só do mandante? Cadê a segurança para os demais cidadãos que estavam voltando de viagem usando transporte público e ficaram à mercê do vandalismo desses baderneiros, quebrando tudo o que estava em sua frente? Enquanto o Ministério Público não mandar a conta dos estragos para que sejam pagos pela torcida responsável pelo ato, sendo punida com a proibição de ir aos jogos enquanto não pagar pelos danos, continuaremos a ter que conviver com esses vândalos.

Fernando Cesar Toribio

 Santo André

Ato ecumênico?

 O arcebispo de São Paulo criticou o uso político do ato religioso realizado no sábado no berço do PT. Nas redes sociais a assessoria de imprensa da arquidiocese afirmou que nem a instituição, cuja jurisdição não abrange o local da ‘missa’ – Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo –, nem a CNBB tiveram participação no ato. Como assim? No dia anterior foi anunciada como ‘missa’ para comemorar o que seria aniversário da mulher do condenado. Por sinal, o viúvo citou o nome da falecida uma única vez, tão somente para vociferar contra a imprensa ‘golpista’, o juiz e procuradores da Lava Jato, por perseguirem esse marido amoroso, fiel, digno, honesto. Não é à toa que os ainda católicos fervorosos e também outros se revoltaram! Será que essa ‘justificativa’ vai convencer?

Aparecida Dileide Gaziolla

 São Caetano

Católicos

 A Igreja Católica inicia ação para resgatar fiéis, noticiado neste Diário (Setecidades, dia 5). De 90% da população em 1960, para pouco mais da metade nos nossos dias, na região! Explica-se. Mudaram-se os tempos. De quando a população só se movia entre o trabalho e a igreja para cá, a popularização cada vez mais célere dos meios de comunicação, do rádio, da TV e da internet, para não falar do cinema e de outros entretenimentos, certamente contribuíram para afastar os fiéis das cerimônias religiosas. A evolução industrial e o acesso ao ensino laico reduziram as vocações ao ponto de certas congregações religiosas caminharem para sua extinção. E parece que a igreja se deixou levar e já não é mais aquele lugar em que nos concentrávamos em oração, meditação, em cerimônia ao som suave de música sacra e homilia audível. Enfim, hoje, tudo é espetáculo sonoro ao gosto de uma juventude roqueira, como que a disputar o maior volume do som, acima até do limite da lei.

Nevino Antonio Rocco

 São Bernardo

União de ex

 A ex-presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye foi condenada a 24 anos de prisão por corrupção. Mas a senhora Park não precisa ficar triste, logo ela terá a ilustre companhia de sua amiga e também ex-presidente Dilma Rousseff, cuja batata está assando lá em Curitiba.

Maria Elisa Amaral

 Capital

Universidades 

 Sempre se afirmou que as prisões brasileiras eram verdadeiras universidades do crime. Agora, então, tem até doutor honoris causa para qualificar a militância e os demais meliantes.

Claudio Juchem

 Capital

Fora da Cross?

 Após ler a entrevista do prefeito de Diadema, Lauro Michels, neste Diário (Setecidades, dia 6), na qual demonstra receio que a sua cidade fique fora da Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde), confesso ter ficado indignado com a possibilidade. Diadema faz parte da região, sendo, assim, inconcebível ficar fora do sistema. Isso representaria afronta à população da cidade. A Cross, sem dúvida, é grande conquista para a região, que contou com o apoio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, entidade a qual Diadema abandonou. Como a Cross regional deverá ser instalada na sede do Consórcio, o município, segundo suspeita o prefeito, ficaria de fora. O governo do Estado, responsável pela Cross, não pode, em hipótese alguma, aceitar que Diadema e seus quase 500 mil habitantes fiquem fora. Portanto, deve providenciar imediatamente local neutro para instalar a central de regulação. Espero que o bom-senso prevaleça e que a população de Diadema não seja prejudicada. Afinal, com saúde não se brinca.

Roberto Canavezzi

São Caetano




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