A falta de pontaria e a ausência de criatividade - além do excesso de nervosismo - talvez expliquem por que o jogo terminou 0 a 0 no primeiro tempo. Um pouco mais presente no campo de ataque, o Vasco teve dificuldades para encontrar o passe que deixaria Edmundo ou Romário em boas condiçoes para marcar. O passe aconteceu, mas foi uma bola atrasada de Fábio Luciano, aos 44 minutos, que pôs o Animal frente a frente com Dida, que levou a melhor.
Indio se cansou de fazer faltas. Foram nove nos 45 minutos iniciais, a maior parte delas desnecessária. O lateral, primeiro marcador de Romário (Adílson e Fábio Luciano se revezavam na sobra), sentiu o peso da decisao e nao fez o que se esperava dele - além de marcaçao atrás, ajuda na hora de puxar os contragolpes. Indio prefereu o caminho mais curto: nao fez nada.
A velocidade, característica das duas equipes, nao foi utilizada na etapa inicial. O Corinthians, que como sempre tinha optado por jogar nos contra-ataques, partia de forma muito lenta quando tinha a posse de bola. As jogadas pessoais de Edílson e Ricardinho nao saíam e Marcelinho Carioca começou a arriscar chutes para o gol (nenhum incomodou Helton). Em seu melhor momento, aos 37, Marcelinho deu um leve toque para deslocar o vascaíno, já na grande área, mas o goleiro conseguiu mandar para escanteio.
O Vasco martelava, mas suas individualidades também nao tinham brilho. Tirando um toque de calcanhar para Ramón, Romário nem sequer chegou a preocupar. Nao deu um único chute a gol e, quando apostou corrida com os zagueiros corintianos, levou sempre a pior.
Edmundo, que entrou em campo com dores na coxa esquerda, esteve mais ou menos na mesma situaçao do novo velho amigo. Tentou alguns dribles, mas sem muita convicçao. Depois, resolveu antagonizar com Rincón, numa entrada por trás que o corintiano respondeu com uma tradicional bundada. Pouco depois, o colombiano levou o cartao amarelo ao devolver a pancada.
Para o craque do Vasco, uma boa chance ocorreu aos 20 minutos, numa ótima jogada pessoal de Felipe que o Animal bateu de frente para o gol. Nao fosse o pé esquerdo de Adílson, possivelmente o resultado do primeiro tempo teria sido outro.
A bola chegou à rede duas vezes, a primeira pelo lado de fora, numa inversao brilhante de Ramón que encontrou Paulo Miranda em boas condiçoes. O lateral improvisado bateu forte, mas à esquerda de Dida. Quase no final, Ramón foi lançado em impedimento e marcou, mas o árbitro holandês Dik Jol anulou o lance.
Sem noçao do tempo de bola, Luizao comecou o segundo tempo jogando fora duas boas oportunidades. Na primeira, chegou tarde num cruzamento de Marcelinho mesmo depois da falha de Helton. Houve outra chance, mas Luizao - que nao acertou uma única cabeçada no jogo - também se atrasou após um escanteio do mesmo Marcelinho, aos 25 minutos. Na jogada anterior, Marcelinho poderia ter marcado um gol olímpico se Helton nao acreditasse no lance e desviasse a escanteio.
Nervosas, as duas equipes cometeram erros demais e nao tiveram repertório para fugir do assédio dos marcadores. Aos poucos, o Corinthians decidiu se adiantar para tentar escapar do sufoco, mas um contra-ataque vascaíno deu a bola do jogo ao meia Juninho, aos 15 minutos. Em vez de chutar, praticamente da pequena área, ele rolou para Edmundo e Rincón conseguiu fazer o corte.
Sem penetraçao, o time paulista pensou em chutar de longe. Edu, que entrou no lugar do baleado Ricardinho no intervalo, tentou repetir o golaço da Copa Sao Paulo de Juniores do ano passado, contra o mesmo Helton, mas desta vez a bola foi para fora. Rincón e Marcelinho também arriscaram de longe, sempre para mais longe ainda. O Vasco nao fazia nada melhor e o 0 a 0 levou a partida para a prorrogaçao.
O sistema de morte súbita transformou os 30 minutos finais num adendo absolutamente dispensável. O Vasco foi quem mais atacou, mas nao houve nenhuma jogada de muito perigo. Ou quase: por duas vezes, Adílson ficou no mano a mano com Romário, mas conseguiu fazer o desarme. O cansaço mútuo era evidente e o tempo se esgotou. O árbitro nem quis dar os acréscimos necessários, para a alegria das duas equipes.
Nos pênaltis, a fama de Dida se confirmou na cobrança de Gilberto. Bem colocado, ele espalmou a bola. Antes, Rincón, Fernando Baiano e Luizao, pelo Corinthians, tinham marcado, assim como Romário e Alex Oliveira. Edu colocou o clube paulista com uma ótima vantagem (4 a 2), mas Viola aproximou as coisas. O Maracana já ia desistindo quando Helton desviou a péssima cobrança de Marcelinho Carioca. A Fiel, entao, pôs toda sua esperança nas maos de Dida, mas Edmundo comprovou que jogou no sacrifício e bateu para fora. Delírio corintiano no maior estádio do mundo: o timinho virou, definitivamente, Timao.
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