Foi sepultada ontem à tarde (sábado, 10), no Cemitério São Sebastião, em Rio Grande da Serra, o corpo da advogada e historiadora Gisela Leonor Saar. Dra. Gisela faleceu sexta-feira e foi
velada em sua casa, a poucos quarteirões da Estação Ferroviária de Rio Grande da Serra.

A família da Dra. Gisela Leonor Saar chegou à Estação Rio Grande, da Estrada de Ferro São Paulo Railway, em 1899. O casal Victor Breithaupt e Mathilde Rogner adquiriu 153 alqueires de terras, dos quais fazia parte a Chácara Pinheiro, hoje Jardim Maria Paula. Adquiriu, ainda, a serraria que pertenceu a um dos primeiros vereadores do antigo Município de São Bernardo, Máximo Pollack.

De origem alemã, a família Breithaupt fornecia madeira serrada à indústria Streiff, de Santo André, uma das primeiras do Grande ABC. Forneceu, também, madeira para obras de ampliação do Porto de Santos.

Um dos sete filhos do casal, Edith Breithaupt, casou-se com Arnold Saar. Foram os pais da Dra. Gisela. Dona Edith foi, sem dúvida, a grande mestre da filha. Ensinou a ela o amor à natureza e à história da pequenina estação, origem do sétimo município do Grande ABC.

Advogada brilhante, Dra. Gisela transformou-se em historiadora. Sua casa, primeiro ao lado da estação, depois no Jardim Maria Paula, tornou-se o principal centro cultural de Rio Grande da Serra. Por anos se constituiu, na prática, em verdadeiro museu e centro de estudos históricos. Ali foram realizadas reuniões do Gipem - o Grupo Independente de Pesquisadores da Memória do Grande ABC. E ali Dra. Gisela recebia estudantes e pesquisadores interessados na história da cidade.

A principal ação da Dra. Gisela Leonor Saar foi impedir a derrubada da histórica capela de São Sebastião e, num segundo momento, lutar pela sua reconstrução, garantindo-a como um dos principais bens histórico-culturais da cidade de Rio Grande da Serra.

Dra. Gisela Leonor Saar foi a principal realizadora do 7º Congresso de História do Grande ABC, sediado em Rio Grande da Serra em 2002, ao ar livre; mesmo adoentada, e com dificuldades para caminhar, ela foi homenageada e aplaudida no 14º Congresso, que se realizou em 2017.

Nos encontros preparatórios deste último Congresso, Dra. Gisela doou à Municipalidade dois volumes encadernados com a história da Capela de São Sebastião, construída no século 16.

Ela comandava um grupo de antigos moradores na idealização de um livro com a história de Rio Grande da Serra. Por causa da sua saúde frágil, o livro não foi concluído. A ideia inicial visava lançar o livro durante o Congresso de História de 2017.

Diário há 30 anos
Sexta-feira, 11 de março de 1988 – ano 30, edição 6698
Manchete – Militares fecham questão contra os quatro anos de mandato do presidente Sarney; defendem cinco anos
Emprego – Autolatina (Ford e Volks) inicia recontratação dos operários que demitiu em 1987.
Meio Ambiente – Já se fala em greve para salvar a Billings.
Saúde – Amplia-se, em Capuava, Mauá, a incidência de hepatite.
Memória – Documentos da Intendência.

Em 11 de março de...
1868 – Vittorio Fantinatti nasce na Itália. Veio para o Brasil. Fixou-se no Núcleo Colonial de São Bernardo. Aqui foi músico e comerciante.
1920 – Iolanda Pancelli Capitanio nasce nas colônias de São Bernardo, no Jardim Sabará, do bairro Assunção, filha de Pedro Panselli (o Pierin da Serena) e Angelina Savordelli Panselli.
Ao completar 98 anos, é provavelmente a mais antiga a ter nascido no bairro Assunção.
Do casamento com Luiz Capitanio, em 1941, nasceram Elsa, Sérgio e Tarcísio.