Setecidades Titulo Febre amarela
Justiça de S.Bernardo considera legítimo adiamento das aulas

Uso de escolas como postos de vacinação contra a febre amarela foi questionado pelo PT

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
09/02/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 A Justiça de São Bernardo considerou legítimo o adiamento do início do ano letivo na cidade por conta do uso dos prédios escolares como postos de imunização contra a febre amarela. As aulas deveriam ter começado na segunda-feira em 102 unidades, no entanto, foram adiadas para o dia 15, após o Carnaval. A decisão foi proferida ontem, pela juíza da 2ª Vara da Fazenda Pública da cidade, Ida Inês Del Cid, em resposta a mandado de segurança coletivo impetrado pelo PT.

Em sua sentença, a juíza destaca que não se pode negar que “a febre amarela hoje é motivo de extremíssima preocupação, que as pessoas não estão atendendo ao chamado para a vacinação – fato também amplamente divulgado na imprensa – e ainda, que já existe caso da doença adquirida no município”. Diante do cenário, ela considera o uso das escolas municipais como postos de vacinação medida responsável para evitar a propagação da doença em larga escala.

Após a confirmação de caso autóctone da doença em São Bernardo, na segunda-feira, a Prefeitura iniciou, inclusive, vacinação porta a porta em alguns locais. O morador do Jardim Palermo e que trabalha no Jardim Represa não havia se vacinado e também não realizou nenhuma viagem nos últimos meses. Conforme a Prefeitura, ele teve alta médica ontem.

Além das 31 escolas e das 34 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), as nove UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade também oferecem a vacina, neste caso durante 24 horas, e inclusive no Carnaval. A estratégia foi alternativa encontrada para tentar ampliar o índice de moradores protegidos contra a febre amarela, hoje na casa dos 32%. Desde o dia 25, quando teve início a campanha de imunização, o município vacinou 232.942 pessoas. Até o dia 17, a meta é imunizar 707,4 mil munícipes.

 

CAMPANHA

Diante do baixo índice de proteção contra a febre amarela na região, onde apenas 24% do público-alvo foi vacinado até o momento, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC estuda a possibilidade de iniciar, nas próximas semanas, campanha de conscientização para alertar a população sobre a importância da imunização.

Anunciada às vésperas do encerramento da campanha de vacinação – prevista para ocorrer entre os dias 17 e 24 de acordo com cada município –, a medida deve ser discutida por secretários de Saúde da região logo após o Carnaval na própria sede da entidade regional.

A princípio, a hipótese trabalhada é a de que o Consórcio promova de forma conjunta entre os seis municípios que compõem o colegiado, com exceção de Diadema, campanha de comunicação visual que esclareça dúvidas da população, de forma que os moradores percam o medo de se imunizar.

“O problema da vacina hoje não é a operação, mas sim o medo das pessoas pela vacina. Estamos aqui avaliando possível campanha de conscientização para diminuir o temor das pessoas de tomar a vacina”, diz o prefeito de São Bernardo e presidente da entidade regional, Orlando Morando (PSDB).

Conforme o chefe do Executivo, a baixa adesão à campanha de imunização enfrentada por municípios é consequência de “erro”, cometido por órgãos federal e estadual. “Tanto o Ministério da Saúde, na minha avaliação, como a Secretaria de Estado da Saúde erraram. Ficaram batendo cabeça, batendo boca e esqueceram o principal, que era levar mensagem para as pessoas sobre a importância de se vacinar.”

Com exceção de São Caetano (que atingiu cobertura de 54,08%), as demais cidades seguem com baixos índices: Santo André tem 24,88%; Diadema, 40,65%; Mauá, 18,74%; e Ribeirão Pires, 16,56%. A meta regional é vacinar 2,3 milhões de moradores.

No Grande ABC, além do caso autóctone em São Bernardo, há três registros da doença importados (em Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires) e 11 casos em investigação, sendo oito em Santo André (um óbito) e três em Diadema.




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