Mais de 3 milhões de veículos vendidos por ano. Sessenta milhões de automóveis fabricados no Brasil em 60 anos
Mais de 3 milhões de veículos vendidos por ano. Sessenta milhões de automóveis fabricados no Brasil em 60 anos. Uma pesquisa sobre congestionamentos em dez capitais feita pelo Ipea/ANTP aponta um custo de R$ 5 bilhões. Os automóveis e as motocicletas figuram no centro da crise de mobilidade, aparecendo como duas das principais causas dos congestionamentos, do aumento da poluição e dos acidentes causando mortos e feridos e gerando altos custos para as cidades e prejudicando diretamente os usuários de transportes coletivos.
A Anfavea (Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores) afirma que a marca de 50 milhões de novos veículos deve ser atingida dentro dos próximos 15 anos. Todos sabemos que quando o País optou pela política de mobilidade centrada nos automóveis só fez por aumentar a exclusão social, os congestionamentos, a poluição além de promover um enorme genocídio no trânsito.
Há soluções que pressupõem vontade política, responsabilidade pelo futuro e pela sustentabilidade do planeta. No futuro, não poderemos mais usar nossos carros como o fazemos hoje, ao menos nas cidades, e as montadoras certamente deverão mudar a lógica de crescimento atual.
O deus carro
Eu pego o meu carro e vou ao meu trabalho. A liberdade ainda é o carro próprio. Hoje, o automóvel está sendo cada vez mais contestado, principalmente nos territórios urbanos, principalmente na Europa. Ir a Paris de carro é complicado. É preciso pagar para entrar no centro de Londres. Em Amsterdã, é proibido. Em Tóquio é impossível estacionar e, para ter um veículo, é preciso comprovar a capacidade de estacionamento. Em todas as partes do mundo existe um contingenciamento do espaço do carro. O carro próprio está, pois, em vias de implodir.
Alternativas
O sistema atual ainda é baseado na dependência do carro. O nosso sistema residencial reforça esta dependência. À medida que o panorama territorial se organiza ele se divide em relação aos recursos disponíveis. A alteração de um sistema de dependência não se alcança de um dia para o outro.
Atualmente, o contexto tecnológico nos impele a buscar soluções que até ontem eram impossíveis. Podemos projetar, por exemplo, plataformas de troca visando a condução compartilhada. Hoje, a condução compartilhada está limitada ao transporte de seu colega de trabalho. Já poderemos fazê-lo pelo telefone celular e já podemos perfeitamente imaginar uma rápida evolução.
O que fazer para sair dessa dependência?
A primeira etapa consistirá em interromper a lógica centrífuga em que as cidades se meteram. No espaço de 40 anos, a distância casa/trabalho multiplicou-se por dez, passando de três a quatro quilômetros para 30 quilômetros a 40 quilômetros. O desafio será fazer com que as pessoas se desobriguem de fazer esses deslocamentos diariamente. Será preciso recriar outras centralidades.
Apenas em 2009, o governo investiu mais de R$ 14 bilhões em renúncias fiscais para estimular o mercado automobilístico. Com 30% desse valor, seria possível fazer mudanças significativas no sistema de trânsito das grandes cidades para que as pessoas dependam cada vez menos dos carros.
Vamos cobrar medidas efetivas que se constituam em políticas públicas dos próximos governos para viabilizar a mobilidade sustentável nas cidades.
É chegada a hora de escolher candidatos que priorizem o desenvolvimento econômico e sustentável do País entendendo que somente fabricar automóveis e facilitar sua compra não diminuirão a atual crise da mobilidade que estamos vivenciando. Boa eleição!
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