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Santa Luzia traz a história de Ribeirão
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
18/07/2011 | 07:01
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Orlando Filho/DGABC


Santa Luzia guarda pedaço da história de Ribeirão Pires. Capela e Paróquia que levam o nome da santa protetora da visão e imagem de São José de Inox, padroeiro da cidade, são alguns dos pontos do bairro residencial que resgatam a cultura do município.

A escriturária Sônia Maziero, 52 anos, nasceu no bairro e se recorda da Capela Santa Luzia, onde foi catequista entre 1970 e 1980. "A capela sempre foi movimentada e com a falta de manutenção acabou deixando de receber fiéis, o que gerou o abandono, em 1998. Depois famílias começaram a se apropriar."

Em 2010, a igreja histórica foi destruída pela enchente. Com medo, moradores demoliram o restante para evitar que caísse e ferisse alguém. Sônia faz parte da comissão que deseja criar réplica da igrejinha em um terreno próximo ao antigo local na Rua Tejo, ao lado de uma escola municipal. A comissão aguarda a viabilização do espaço por parte da administração pública para angariar fundos. Procurada, a Prefeitura não respondeu sobre o imbróglio.

A capela foi erguida em 1925 pelos canteiros, funcionários da Pedreira Santa Clara que trabalhavam no corte de pedra para a transformação de paralelepípedo.

Já a Paróquia de Santa Luzia, que até 2000 era capela, foi construída pelo marido da aposentada Eliza Catarina Gomes Ribeiro, 62. Vindos de Portugal, moraram em São Bernardo e depois se mudaram para Ribeirão Pires em 1980. "Na época era uma capela pequena e a rua (que leva o nome da santa) era de terra. Meu marido e mais 10 moradores se uniram para demolir e construir uma maior, que depois passou por reformas", lembra a aposentada, que é frequentadora e devota.

O bairro não possui apenas pontos históricos que valem a pena ser conhecidos. A barraca Pastel Da Hora, que há 12 anos pertence a Odete Paz Freitas, 49, é um dos pontos mais populares do bairro. "Atendo alunos, quem passa pela UBS (Unidade Básica de Saúde) Santa Luzia, frequentadores da Associação dos Moradores da Santa Luzia Adjacências, além daqueles que andam pela rua e sentem aquela vontade de comer", diz Odete, que vive no bairro há 37 anos.

Como todos os moradores, a vendedora quer melhorias na região. Muitos recorrem à associação de bairro para que cobre a administração. Falta de opções de lazer é uma das principais queixas, além das necessidades de recapear as vias e de ter mais ônibus transitando por Santa Luzia.

Segundo a administração, o bairro possui um campo de futebol para aulas de segunda e quarta-feira. Até 2012 será construída uma Academia ao Ar Livre. No entanto, a Prefeitura não informou o local, assim como não se pronunciou sobre o transporte público.

 

Líder comunitário luta pelo bairro há 17 anos 

Há 17 anos o presidente da Associação de Moradores Santa Luzia e Adjacências, José Flodoaldo Ascenço, 53 anos, busca melhorias para o bairro. Carioca, como é conhecido popularmente, explica a importância do papel da associação, localizada na Rua Professor Antonio Nunes. "A função é fazer o elo da sociedade com a administração pública. Isso é fundamental para buscar e cobrar investimentos."

Entre as conquistas está o Programa VivaLeite, do governo do Estado, que há 16 anos distribui o alimento duas vezes por semana para as famílias com crianças entre 6 meses e 6 anos e 11 meses, além de idosos a partir dos 60 anos. Tem também o bazar beneficente, aula de inglês, salão de cabeleireiro, campanhas e atendimento de Saúde, como o mutirão de exame oftalmológico gratuito, que será realizado dia 23. Para mais informações, os moradores podem entrar em contato pelo telefone 4825-1183. No ano passado foram realizadas 290 consultas.

"Tudo isso foi conquistado com muita luta e dedicação com o apoio dos vizinhos. O convívio é muito bom entre todos. Eu e minha mulher sempre estamos à disposição de todos para ajudar e aconselhar", ressalta.

Apesar de ser considerado pelos moradores um bom lugar para viver, ele revela que as principais reclamações são sobre os buracos nas ruas, a limpeza e o recolhimento do lixo.

Carioca confessa que ser líder comunitário não é fácil, mas é tarefa prazerosa. "Lembro do dia em que me mudei para o bairro há 18 anos. Fui muito bem recebido." 

ELEIÇÃO
Ele se recorda de sua primeira eleição para líder comunitário, feita à luz de velas, no meio da rua. Com 85 votos, Carioca conquistou o posto na associação.

"Naquela época, a sede da entidade era um barraco de madeira. Fui economizando e juntando dinheiro para comprar material de construção e erguer o salão que temos atualmente." Revela que pretende fazer algumas reformas na associação. "Vamos pintar a fachada e ampliar o espaço."

 

Garotada se diverte dentro de casa 

Pega-pega, esconde-esconde, brincar de escolinha e de bonecas. É assim que a garotada do bairro Santa Luzia se diverte dentro de casa.

Mesmo sendo bairro residencial, os moradores não ficam tranquilos em deixar as crianças brincarem na rua e reclamam da falta de opção de lazer.

A dona de casa Joanice Bomfim dos Santos, 27 anos, mora em uma das principais ruas do bairro e afirma que não se sente segura. "Além da movimentação, não fico sossegada. O jeito é ficar em casa e brincar no quintal."

Filhas da dona de casa, as gêmeas Carolaine e Caroline, 9, e Giovanna, 6, adoram brincar de boneca e pega-pega com a prima Juliana, 6. "A gente se diverte em casa porque não tem playground", conta Caroline.

A auxiliar de serviços gerais Silvia Helena Agostinho, 38, mora em uma rua sem saída. "É preciso ir para o Centro de Ribeirão. Aqui só tem um campinho. Se as crianças ficam na rua temos que sempre estar de olho", pondera Silvia, mãe de um casal de 11 e 13 anos. "Gostaria que tivesse brinquedos na praça," afirma Giovonna, 11.




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