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Vítimas preparam contra-ataque à possível libertaçao de Pinochet
Por Do Diário do Grande ABC
12/01/2000 | 10:13
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Os representantes das vítimas do regime militar chileno (1973-90) ante à justiça espanhola preparavam-se esta quarta-feira para contra-atacar uma possível decisao britânica para liberar o ex-ditador Augusto Pinochet ``por razoes humanitárias'.

O governo centro-direitista espanhol de José María Aznar, que sempre se opôs a uma extradiçao de Pinochet para Madri, reagiu com discriçao e apenas indicou, em um breve comunicado, sua intençao de ``respeitar as decisoes do governo britânico'.

A decisao de liberar Pinochet ``é lamentável e triste', afirmou a chilena Marcela Prádenas, porta-voz, em Madri, da Coordenaçao Contra a Impunidade, que agrupa as vítimas das diferentes ditaduras latino-americanas.

Prádenas, uma antiga jornalista torturada sob o regime de Pinochet, opinou que a melhor soluçao seria que a justiça espanhola garantisse ao ex-ditador ``um processo rápido e eficiente' para que pudesse ser julgado sem sua saúde correr perigo. ``É preciso respeitar a dignidade de todos os prisioneiros. Pinochet se submeteria a um processo em Madri e seria devolvido ao Chile. Nao estamos pedindo que Pinochet seja metido em um calabouço e morra ali; o que queremos é que seja julgado', disse.

Os advogados das partes civis anunciaram que vao combater até o fim uma possível libertaçao de Pinochet, se decidida pelo ministro do Interior britânico, Jack Straw, que parece disposto a interromper o processo de extradiçao para a Espanha do ex-ditador de 84 anos, com base em um informe ``unânime e inequívoco' dos médicos que examinaram o ex-general.

Straw deu um prazo de sete dias às várias partes envolvidas no processo para que apresentem suas alegaçoes, para que assim ele possa tomar uma decisao definitiva.

Uma libertaçao de Pinochet ``será uma decisao política que será tomada acima da justiça', afirmou um dos advogados da acusaçao, o argentino Carlos Slepoy. ``Esta má notícia para nós nao ofusca o procedimento judicial aberto em Madri, nem afeta a consolidaçao da justiça internacional contra os crimes de lesa-humanidade', acrescentou o advogado. ``Mesmo que Pinochet regressa ao Chile, o processo continua aberto e a ordem de prisao continua vigente', enfatizou Slepoy.

Seu colega espanhol Joan Garces, que também representa as partes civis, indicou que já foram dadas as instruçoes para esgotar todos os recursos que a lei britânica permitir. Um terceiro advogado, Enrique Santiago - da coalizao Esquerda Unida, de maioria comunista -, anunciou, por sua parte, que pedirá ``um contra-informe de perigos designados pela Promotoria britânica'. ``Faremos isso porque discordamos que o estado de saúde de Pinochet seja tao críticos que nao suporte um procedimento judicial na Espanha', explicou.

Um dos advogados contratados por Pinochet na Espanha, Fernando Escardo, elogiou a possível libertaçao de seu cliente.




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