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Clube fecha e 5 times vao para a rua
Marisa Amaral
Da Redaçao
31/03/2000 | 00:19
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  Mais do que uma escolinha de futsal, um trabalho social envolvendo 95 crianças, de 7 a 16 anos, a maioria carente, está prestes a ser extinto. A ADC Rhodia, que mantém equipes de cinco categorias - do fraldinha ao infanto-juvenil - disputando o Campeonato Paulista, está perdendo sua sede, em Santo André. O clube, de 71 anos, será simplesmente desativado no final de maio. As dependências de bocha, judô, futebol, futsal feminino e tênis, além do salao de baile para a terceira idade, já foram fechadas. Somente o futsal e a lanchonete estao resistindo.

Um dos principais responsáveis pela sobrevivência das categorias de base de futsal do clube é o técnico e patrocinador Dejair Camillo Ramalho. "O presidente (Antônio Capito) convocou uma reuniao e nos disse que tínhamos um prazo de 60 dias (até 28 de maio) para desativar o clube. Vamos fazer de tudo para evitar isso. Falei com deputado, vereador, historiador e advogado. Até a Liga Andreense de Futsal está nos ajudando. Vamos entrar com processo judicial, fazer abaixo-assinado, passeata, tudo", disse Dejair.

O trabalho feito no clube é exemplar. A maioria (cerca de 80%) dos meninos que treinam na Rhodia é carente, alguns moram em favelas da regiao. Todos desfrutam de uma boa infra-estrutura no atual clube. Tudo é muito bem organizado. Todos estao filiados à Federaçao Paulista, têm uniforme de treino e jogo, agasalho do time, recebem lanche e apoio, inclusive emocional, dos dirigentes.

"Fazemos várias churrascadas para eles, com abundância. Eu tenho uma Kombi e levo e busco os meninos na casa deles. Muitos dormem na minha casa e na de outros jogadores com melhor condiçao, comendo e bebendo à vontade. E fazemos isso por amor e amizade, pois nao temos retorno financeiro", contou Dejair, que oferece até tênis para os jogadores mais carentes.

O motivo da desapropriaçao do local - com 60 mil m² - é desconhecido. Houve boatos de que o Carrefour teria comprado a área. "Mas checamos isso na Prefeitura, e o local nao foi vendido", garantiu Dejair. "Ninguém sabe o que vao fazer aqui. Eles alegam que o problema é dinheiro, mas o clube nao está devendo para ninguém. Sao coisas que nao dao para entender".

Os times têm dois patrocinadores - Tocha Confecçoes e Laticínios Catumbi (empresa de Dejair) - e o treinador, que há três anos investe dinheiro e tempo na garotada, está magoado com a situaçao, talvez inédita na regiao, já que nao há registro de outro clube grande que tenha sido extinto. "Me sinto traído. Nao pelo presidente, que nos defende o quanto ele pode, mas por pessoas que no final de semana pegam seu jatinho ou iate e nao vêem o trabalho que estamos fazendo na ADC Rhodia. A gente ama este nome, os meninos têm orgulho da camisa que vestem. Vamos pedir ajuda para todo mundo para evitar que o clube feche as portas", desabafou Dejair.




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