Projeto fashionista evidencia empoderamento 

 É com agulha e linha que as tecelãs do instituto Retece transformam o programa de impacto sustentável em oportunidade de crescimento e geração de renda para a comunidade em que o grupo está inserido. A entidade de responsabilidade socioambiental, que confecciona peças de roupas com design fashion a partir da reutilização de materiais recicláveis, está localizada no andreense Jardim Santo André. Formado por moradoras de seu entorno, o programa é extensão de idealização comunitária do Instituto Ecotece, que visa humanizar os processos produtivos da moda por meio de ações de inclusão. “Hoje, somos uma fundação independente que quer não somente ajudar o planeta, mas também incentivar a profissionalização na região”, ressalta a coordenadora Alice Zompero, que, para formar o grupo, em 2009, selecionou time de mulheres com afinidade com o mundo da costura e vontade de fazer a diferença no seu dia a dia. 

 Esta atividade possibilitou à costureira Edilma Sousa Santos, 60 anos, a oportunidade de ingressar em seu primeiro estudo profissionalizante. “Foi um colorido em minha vida. Eu não saía de casa e, depois que entrei neste ramo, me sinto bem mais disposta a alçançar meus objetivos”, salienta Edilma, que tornou o estudo sua meta de vida e também auxilia no orçamento da família. 

 A principal estratégia para trazer à tona a solidariedade, aliada às boas práticas executadas por elas, é o costume de organizar, mensalmente, a Boutique Solidária, na sede do estabelecimento. Com previsão para ser realizada nos próximos meses, a movimentação promove triagem para reparos utilizando técnicas sustentáveis em roupas doadas e, com o valor angariado, aprimora o espaço têxtil. As peças que não são vendidas ganham outro destino. A população local é presenteada com os itens.

GANHANDO MERCADO

 A turma comemora o reconhecimento de nomes do universo fashion. É o caso da estilista paulista Cecilia Echenique, que encontrou neste programa social, por meio do Ecotece, a mesma filosofia encabeçada por ela. “É possível encontrar nesse segmento mulheres de atitude que se vestem convictas do seu papel na sociedade”, salienta sobre as técnicas simples de manipulação de tecidos orgânicos, pet e reaproveitamento de retalhos que auxiliam na conscientização ambiental.

 A especialista em moda ainda aponta que vivemos tempos livres, sem muita regra. Neste ano, é possível aproveitar as estampas e renovar o guarda-roupa sem perder a essência e a personalidade de cada um.