Paço tende a favorecer apoiadores como forma de retaliar dissidentes
Vereadores da base do governo do prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), que votaram contra a implantação da taxa do lixo na cidade, no mês passado, deverão ter dificuldades para verem seus pedidos atendidos pelo Paço. O Diário apurou que a gestão avalia favorecer os pleitos dos parlamentares que votaram a favor da medida, em retaliação aos dissidentes.
Internamente, o núcleo duro da gestão Atila descarta exonerar comissionados ligados aos sete parlamentares governistas que votaram contra o projeto, como especula-se pelos corredores do Legislativo. Porém, tende a criar obstáculos aos pleitos dos parlamentares que não deram apoio à medida.
No dia 20, a Câmara de Mauá aprovou, em sessões relâmpago e realizadas já durante o recesso parlamentar, a instituição da taxa do lixo no município. A gestão Atila levou dias para conseguir reunir os votos necessários para emplacar a aprovação da medida. A pauta se intensificou quando a Lara Central de Tratamento de Resíduos Sólidos, responsável pela coleta de lixo na cidade, ameaçou paralisar os serviços alegando calote nos pagamentos do contrato. Atila tentou convencer a base de que a criação do tributo era necessária para o cumprimento rigoroso dos acordos com a empresa. Mensalmente, a Prefeitura tem de destinar R$ 3,3 milhões à firma de Wagner Damo, sobrinho do ex-prefeito Leonel Damo (sem partido).
Dos 23 vereadores, oito foram contrários ao texto. Além do oposicionista Marcelo Oliveira (PT), votaram pela rejeição da matéria os governistas Tchacabum e Bodinho (ambos do PRP), Adelto Cachorrão (PTdoB), Irmão Ozelito e Neycar (ambos do SD), Betinho Dragões (PR) e Samuel Enfermeiro (PSB).
Paralelamente à aprovação da taxa do lixo, o Paço mauaense iniciou processo de renegociação de débitos antigos já parcelados durante o governo do ex-prefeito Donisete Braga (PT, 2013-2016). O Diário mostrou no dia 23 que o governo estuda doar terreno público à empresa como forma de amortizar a dívida.
Entre os governistas que votaram contra o projeto da administração, há a análise de que Atila não estaria disposto a apostar na retaliação dos dissidentes exonerando os apadrinhados. Para eles, desta forma, o prefeito estaria colocando em risco sua governabilidade na Casa.
Neste ano, Atila tentará amarrar apoios dos parlamentares para a candidatura do pai, o presidente da Câmara, Admir Jacomussi (PRP), a deputado estadual. Alguns, inclusive, já anunciaram desembarque do governo com vistas ao pleito de outubro, como Ricardinho da Enfermagem (PTB), que também estuda lançar projeto próprio.
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