O Itamaraty confirmou que o brasileiro se apresentou ao consultado do País em Kiev no final do ano e que o governo o ajudou com recursos e documentos. Entre 2014 e 2015, ele lutou pela criação da República Popular de Donetsk, ao lado de tropas acusadas de terem sido financiadas por Moscou.
A independência da região jamais ocorreu, e o brasileiro acabou retornando ao Brasil. Em 2016, porém, decidiu voltar para a Ucrânia, desta vez para trabalhar como segurança. Mas foi preso ao desembarcar em Kiev.
Em janeiro de 2017, ele foi condenado a 13 anos de prisão por terrorismo. Mas um recurso foi apresentado, argumentando que ele confessou supostos crimes sob tortura. Oito meses depois, seu processo foi anulado e um novo julgamento terá de ocorrer.
No total, ele ficou preso entre outubro de 2016 e 18 de dezembro de 2017. Seu passaporte foi confiscado pelas autoridades que, segundo a reportagem apurou, devem marcar uma data para o julgamento nas próximas semanas.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 2014, o brasileiro defendia suas ações. "Sou um guerreiro. Um guerreiro com convicções políticas e morais. Essas convicções me fazem apoiar a Nova Rússia e, como sou um guerreiro, essa é a melhor maneira que tenho de contribuir", disse.
"Eu devo ter uma dezena de habilidades militares de elite, a responsabilidade me obriga a lutar do lado correto", insistiu. "(Vladimir) Putin às vezes fornece alternativas na ordem mundial, o que é importante", completou.
Rafael Lusvarghi já foi soldado da Polícia Militar em São Paulo e, por sua "experiência", diz ter comandado um dos grupos armados separatistas, o Batalhão Prizrak.
Ele já havia sido preso em um protesto contra a Copa do Mundo em junho de 2014, ao lado do manifestante Fábio Hideki Harano. Mas, depois de pouco mais de um mês, ambos foram soltos, e a Justiça admitiu que os objetos que portavam no protesto no dia 23 de junho não eram explosivos, como havia denunciado a Polícia Civil.
A reportagem não conseguiu localizar o brasileiro nesta quarta-feira, dia 3. O espaço está aberto para manifestação.
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