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Desemprego chega às ruas Natal e afeta festas de fim de ano

Moradores de vias que levam o nome da data afirmam que confraternização, neste ano, será modesta por causa da crise

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
25/12/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 A crise econômica que assola o País chegou a três ruas com o nome Natal no Grande ABC – em Santo André, Diadema e Mauá. Sem emprego ou qualquer perspectiva de melhora da situação, famílias que residem nessas vias optaram, neste ano, por confraternizações modestas. Para moradores, faltaram dinheiro e motivos para celebrar a festa cristã que dá nome às vias públicas.

Nas três ruas da região, o nome, na verdade, se refere à ensolarada Natal, capital do Rio Grande do Norte, assim batizada por causa da data de sua fundação, em 25 de dezembro de 1599. No entanto, para muitos munícipes, durante anos, a homenagem serviu como fator motivador para a preparação de suas confraternizações.

“Já tivemos bons tempos aqui nesta rua. Chegava fim de novembro você via enfeite por todos os lados. Neste ano, por exemplo, só coloquei algumas luzinhas faltando dez dias para a festa”, relata a dona de casa Sonia Cotarelli, 63 anos. Os pouquíssimos enfeites colocados na casa refletem o cenário de praticamente toda a Rua Natal de Santo André, na Vila Leopoldina. Predominantemente residencial e ocupada por pessoas da classe média, na via a maior parte dos moradores deixou de lado a comemoração.

“Até cheguei a pesquisar alguns enfeites para colocar na minha árvore, mas o valor estava salgado. Infelizmente, tive que deixar de lado, até porque ou pago contas ou enfeito minha casa”, relata Hernandes Salve Rodrigues, 39, que trabalhava em montadora da região e está desempregado.

A situação se repete na casa do seu vizinho, o terapeuta Mauro Paltes, 44. “Faltou espírito de Natal, e acho que para todos”, desabafa.

Localizada em área carente de Mauá, a Rua Natal do Jardim Oratório também apresenta poucos enfeites. A decoração da via se limita a luzes colocadas em pequenos comércios.

A ceia de muitos, antes farta de carnes em churrascos espalhados pela via, neste ano, dará espaço para jantares mais simples. “Até queríamos fazer algo melhor, mas eu e meu marido ficamos desempregados. Aí não teve jeito”, lamenta a jovem Tairis Cristina Macedo Campos.

Para ela, no entanto, a data segue sendo especial. “Na verdade não vamos perder o essencial, que é o espírito. Tenho certeza que em 2018 conseguirei um emprego para dar um presente para meu filho (o pequeno Enzo, 8 meses)”, relata.

O mesmo sentimento é compartilhado por Renata Aparecida de Andrade dos Reis, 30, que há três meses está desempregada. Moradora da Rua Natal de Diadema, localizada no Centro da cidade, ela relata o drama vivido por sua família neste ano. “Não montei árvore nem fiz decoração. Estava sem condições, mas continuo acreditando que meu pedido será atendido e que no próximo ano voltarei ao mercado de trabalho.”

Mãe da pequena Maria Alice, 2, e do jovem Guilherme, 15, Renata diz acreditar que a festa cristã tratá mudanças em sua vida. “É uma data especial. Temos de acreditar que esse sentimento bom de fim de ano nos trará somente coisas boas. Se não acreditamos, não é Natal”.




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