Polícia Civil aguarda resultados de laudos de reconstituição do crime, realizada ontem, e de exame balístico para concluir inquérito
Familiares e amigos de Luan Gabriel Nogueira de Souza, 14 anos, morto no início de novembro durante ação da PM (Polícia Militar) enquanto caminhava em direção ao mercado para comprar pacote de bolachas voltaram à Viela 7, paralela à Rua Paraúna, no Parque João Ramalho, em Santo André, na manhã de ontem, para a reconstituição do crime. O procedimento, realizado pela Polícia Civil, corresponde à última etapa do processo de investigação, que depende apenas dos resultados do laudo da reconstrução e de exame balístico para ser concluído.
Conforme o delegado assistente do 2º DP (Camilópolis), Georges Amauri Lopes, responsável pelas investigações, o laudo balístico, cujo resultado deverá ser conhecido no prazo de 15 dias, deverá apontar se o projétil que atingiu o jovem saiu de fato da arma do PM. Somado à conclusão da reprodução simulada, o material será capaz de ajudar a polícia a concluir o inquérito. “Um dos policiais admite ter dado os disparos, só que ele fala que foi para se defender. A posição do corpo, ao menos por enquanto, não indica quem está certo”, destacou Lopes.
A versão dos policiais militares dos fatos sustenta que, após receberem denúncia de uma moto roubada do pátio municipal da cidade, eles se dirigiram até a viela e foram recebidos com disparos de arma de fogo. Os PMs alegam que atiraram em legítima defesa. Já as seis testemunhas do crime (cinco jovens que estavam na viela e uma moradora que escutou os disparos) afirmam que os policiais já chegaram no local atirando.
Os dois cabos, que atualmente estão afastados de suas funções na corporação, utilizaram toucas ninjas durante toda a ação.
Segundo o coordenador da comissão da criança e do adolescente do Condepe (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana) Ariel de Castro Alves, a reconstituição apontou que o cabo foi o único a realizar os disparos. “Os cinco jovens reforçaram e detalharam os depoimentos que já tinham feito na Corregedoria da PM e no 2º DP.”
A advogada dos policiais envolvidos, Flávia Artilheiro, destacou que a reconstituição colaborou para a elucidação do crime. “Nós sustentamos que houve confronto e que a ação policial é legítima. Gostaria de salientar que o policial (que efetuou os disparos) tem um excelente histórico, nunca se envolveu neste tipo de ocorrência.”
A mãe de Luan, Maria Medina Costa Ribeiro, 46, voltou ao local da morte do filho pela primeira vez. Devido à emoção, ela não conseguiu acompanhar a ação e foi para casa. “Só vou ficar em paz quando tudo estiver esclarecido”, disse.
Lucas Nogueira de Souza, 23, fez uma tatuagem com a frase “minha saudade tem nome e sobrenome Luanzinho Nogueira” para homenagear o irmão mais novo. Amanhã, ele e a mãe recebem o diploma de conclusão do 9º ano do Ensino Fundamental de Luan.
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