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Alta da Selic preocupa comércio da região
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
19/11/2004 | 10:01
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O aumento da taxa Selic em 0,5% - de 16,75% para 17,25% ao ano - anunciado esta semana pelo Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, em sua reunião mensal, frustrou as expectativas de vendas dos lojistas e esfriou os ânimos das associações comerciais do Grande ABC, que apostavam em aumento médio de 15% no faturamento do natal deste ano. A medida de frear a economia para manter a inflação sob controle - argumento usado pelos economistas do BC - é considerada exagerada pela maioria.

"O comércio já não agüenta mais tanta barreira. O Banco Central não poderia em hipótese alguma ter aumentado a Selic numa época de festas, a poucas semanas da principal data comercial do ano, o Natal", diz José Manuel Vieira de Mendonça, presidente da Acid (Associação Comercial e Industrial de Diadema).

Para ele, a decisão de subir os juros prejudica o fôlego do comércio, já que as vendas têm crescido desde o começo do ano. "Para quem já trabalha no limite, o aumento do custo no crediário é um veneno. O fantasma da recessão pode estar de volta", acrescentou Mendonça.

Alguns comerciantes, no entanto, não se mostram preocupados com o aumento da taxa Selic. Jaime Kitice, gerente da loja de móveis Fenícia, em Santo André, explica que a queda no consumo não deve ser notada este ano. "Que juros altos atrapalham todos sabemos. Mas não devemos nos preocupar com pequenas intervenções na taxa básica de juros, já que o preço final acaba não sendo afetado", garante.

Kitice afirma que para absorver esse aumento nos juros, a empresa pretende fazer negociações mais flexíveis com fornecedores para que o custo não seja repassado ao consumidor este ano. "Vamos buscar medidas alternativas para amenizar o impacto da alta taxa de juros. As negociações devem começar já nos pedidos desta semana."

Reflexos - Na prática, os juros mensais no comércio deverão subir em média de 6,03% para 6,06%. Em números reais, o aumento não deverá causar grande impacto sobre os preços, segundo o economista Júlio de Macedo Filho, mas causa negativamente reflexos psicológicos. "Apesar de não onerar de forma expressiva os gastos, o aumento da taxa Selic espanta os consumidores das lojas, que podem entrar num ciclo de recessão", explica.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, divulgou nesta quinta nota oficial que considera que a decisão compromete o crescimento econômico e que ameaça o primeiro semestre de 2005. A nota define a medida como "extremamente desastrosa" e que deve causar quedas em investimentos, produção, consumo, além de afetar a oferta de emprego e renda dos trabalhadores.




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