Duas reportagens de hoje deste Diário servem de alerta ao poder público, a entidades da sociedade civil e também à população, porque em ambos os casos é mais do que fundamental a participação de todos na busca de soluções. Afinal, não é aceitável que em uma região que está entre as principais economias do País, seres humanos que dependem de determinados equipamentos para terem uma vida melhor sejam obrigados a esperar até dois anos, caso daqueles que necessitam de uma cadeira de rodas.

Burocracia e falta de verba são apontadas como as vilãs para a parcela da população que precisa recorrer aos serviços públicos, na medida em que os recursos que podem dar a elas cadeiras de rodas, próteses, órteses e aparelhos auditivos são repassados pelo SUS. E, de fato, as quantias não têm se mostrado suficientes. Outra pedra no caminho dos pacientes é a via-sacra a que são submetidos antes de receberem o aval para ter acesso ao equipamento, pois devem passar por avaliação médica e fazer o cadastro em unidades de referência em suas cidades. 

O problema é que nem sempre está à disposição a equipe multiprofissional que faz a avaliação, como atesta a superintendente da entidade responsável pelo fornecimento de cadeiras de rodas, órteses e próteses. Portanto, torna-se imperativo que a região una esforços no sentido de encontrar meios que garantam que as necessidades dessas pessoas sejam atendidas.

Assim como é imperativo que o poder público desenvolva políticas que reduzam a desigualdade social e promovam a equidade de direitos, além de capitanear processo que envolva toda a sociedade no combate ao preconceito racial. Na data em que o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, as 135,2 mil pessoas do Grande ABC cuja cor da pele é preta, segundo a classificação do IBGE, não exigem nada mais do que respeito e tratamento igual. Não querem privilégios, apenas os mesmos direitos.

Na verdade, tanto na questão da Saúde quanto na dos negros se trata mesmo de respeito. Respeito à vida, aos direitos e ao ser humano.