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Construção civil demite 386 operários em um mês na região

Em termos de crise, compra de imóvel é adiada, o que gera dispensas e segura contratações

Por Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
18/11/2017 | 07:21
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EBC


O setor da construção civil registrou saldo (contratações menos demissões) negativo de 386 postos de trabalho no Grande ABC em setembro, na comparação com agosto. É o que aponta levantamento do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).

Trata-se da segunda redução seguida na geração de emprego nas sete cidades. Após esboçar recuperação em julho, com a criação de 567 postos, melhor resultado em 33 meses, o segmento apresentou curva inversa em agosto, com a eliminação de 76 vagas, devido às obras em andamento que foram concluídas ao fim daquele mês.

Em setembro, com a nova diminuição, pelo mesmo motivo, o estoque de trabalhadores em atuação na construção civil da região soma 40.350 profissionais. Quando comparado com o mesmo mês do ano passado – que contava com 42.552 funcionários nesta atividade –, a queda no emprego é ainda maior e, nos 12 meses subsequentes, soma 2.202 demissões.

São Caetano foi a principal responsável por puxar o montante para baixo, quando registrou a eliminação de 382 vagas entre agosto e setembro deste ano. Assim como a alteração do plano diretor, que diminuiu o coeficiente de aproveitamento das obras do município, a vilã dessa história, na avaliação de José Maria de Albuquerque, presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Caetano, é “a incompetência do governo federal, que deixa os empresários com medo de investir e, consequentemente, o trabalhador sem emprego”, enfatiza. “Só em 2016, foram demitidos 2.000 empregados e, infelizmente, não vejo perspectiva de melhora. Pelo contrário. Com a reforma trabalhista, o desemprego só tende a crescer.”

Na avaliação da diretora da regional do SindusCon-SP em Santo André, Rosana Carnevalli, a culpa da retração no emprego é, principalmente, da atividade econômica do País. “Em época de crise, o último setor a decolar é o da construção civil, uma vez que moradia é investimento alto e postergado em momentos de incertezas”, afirma.

EXPECTATIVA
Sobretudo, Rosana vê tais números com preocupação, pois, além de ser o segundo mês consecutivo de queda, não há sinais de que haverá melhora por enquanto. “Em época de festas, as pessoas priorizam viagens e troca de carro, então, acredito que a construção civil só deva aquecer a partir do fim de 2018, sob o agravante de ser ano de eleições e de Copa do Mundo, quando o Brasil estaciona.”

Do outro lado da moeda, São Bernardo foi a cidade que mais ampliou postos de trabalho, empregando 46 pessoas. “Embora ainda haja muito desemprego, estamos em uma das cidades que mais vêm crescendo na construção civil, mesmo porque, após tanta demissão, este seria o caminho natural”, avalia Admilson Oliveira, presidente do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e do Mobiliário) de São Bernardo e Diadema.

Um dos pontos que podem contribuir para ampliar a oferta de emprego no segmento é a retomada de obras públicas na cidade. “Haverá retomada da construção do Piscinão do Paço, que reduziu de 350 para 20 funcionários do ano passado para cá, sem falar nos novos corredores de ônibus, que deverão empregar cerca de 300 profissionais do setor.”

Ainda assim, ele acredita que o mercado não melhore tanto antes do Carnaval. “No fim do ano, o País costuma parar”, diz Oliveira, ao concordar com a diretora regional.

NO BRASIL
Em todo o País houve a criação de 545 vagas em setembro, totalizando estoque de 2,46 milhões de operários. Em 12 meses, porém, é contabilizada a eliminação de 225.587 postos de trabalho.




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