Política Titulo Alvo de investigação
Mario de Abreu toma posse, mas solicita licença por 45 dias

Alvo da Operação Barbatanas, vereador pede tempo para elaborar defesa na Justiça

Por Humberto Domiciano
Júnior Carvalho
02/11/2017 | 07:00
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Ricardo Trida 27/12/16


Um dia após ter sido alvo da Operação Barbatanas, o ex-secretário de Gestão Ambiental de São Bernardo Mario de Abreu (PSDB) retomou seu mandato de vereador. No entanto, voltou a pedir licença do cargo por 45 dias, medida aprovada pela Câmara. Segundo o tucano, a decisão de renovar a dispensa temporária foi para poder se defender das acusações feitas pela Justiça.

“Não fazia ideia da investigação. Eu me afastei do cargo de secretário por decisão judicial e hoje (quarta-feira) me afastei do cargo de vereador justamente para fazer minha defesa e provar minha inocência”, declarou Mario de Abreu, em rápido pronunciamento depois da sessão.

O tucano está sendo investigado pela operação realizada nesta terça-feira pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, e pelo GOE (Grupo de Operações Especiais), da Polícia Civil. O MP apura denúncia de venda de licenças ambientais mediante cobrança de propina por parte de Mario de Abreu e de alguns antigos servidores da Pasta.

Na operação de terça foram apreendidos ainda 19 computadores, oito telefones celulares e diversos pendrives, além de documentos que servirão de acréscimo às provas para a denúncia. O MP chegou a pedir a prisão de Mario de Abreu e dos servidores Sergio de Sousa Lima e Tiago Alves Martinez, ex-diretor de licenciamento ambiental e ex-chefe de seção, respectivamente. Porém, a Justiça determinou apenas o afastamento do trio, sem autorizar a detenção.

Com a decisão do parlamentar, Lia Duarte (PSDB) segue com mandato no Legislativo, posto que ela já exercia porque o correligionário estava licenciado por figurar no primeiro escalão da Prefeitura. Já no governo o lugar de Mario de Abreu será ocupado pelo secretário adjunto de Assuntos Jurídicos, José Roberto Gil Fonseca. Mario de Abreu afirmou que ainda precisa de mais informações sobre a denúncia do MP. “O advogado está buscando mais dados. Como o processo corre em segredo de Justiça fica um pouco difícil de obter mais detalhes.”

Ao longo da sessão de ontem na Câmara, os vereadores evitaram comentar o assunto. O parlamentar Julinho Fuzari (PPS), que havia protocolado pedido de criação de comissão especial para acompanhar o assunto, chegou a pedir a palavra para discutir o tema, mas a iniciativa foi derrubada por 13 votos contra oito.

A mesa diretora da Casa convocou sessão extraordinária na qual foi dada posse a Mario de Abreu. Simultaneamente o tucano apresentou ofício solicitando o afastamento por 45 dias.

Entre a leitura do documento e a votação do decreto legislativo, os vereadores tiveram reunião no plenarinho para debater o tema, a portas fechadas.

Reservadamente, vereadores da bancada do PSDB na Câmara de São Bernardo admitem que a situação de Mario de Abreu não é confortável. Para alguns, a sigla pode marcar em breve uma reunião para debater a situação do correligionário.

Morando descarta desgaste político com o caso

O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), negou na manhã de ontem que a Operação Barbatanas, que culminou com a demissão do secretário Mario de Abreu (PSDB, Gestão Ambiental), poderá gerar desgaste político para a administração, em momento em que seu nome aparece como possível aposta no tucanato para disputar o Palácio dos Bandeirantes, em 2018. “(Consequências políticas) Para mim, não”, disse.

Foi a primeira vez que Morando falou sobre o caso à imprensa, após participar de reunião mensal de prefeitos no Consórcio Intermunicipal, poucas horas antes de o ex-secretário comparecer ao Legislativo.

O prefeito negou ter conversado com o secretário. “Não, (conversei com o Mario), não tem (motivos para falar com ele). O que cabia à administração foi feito. Imediatamente, antes do meio-dia, quando tomei conhecimento (da operação), já anunciei a exoneração dele e dos outros dois funcionários que ocupavam cargos em comissão. Agora compete à Justiça saber o que vai fazer, eles já são réus no processo”, afirmou o prefeito, ao explicar que exoneração do correligionário se deu porque “não nomearia um investigado”. “Ninguém está acima da lei. Além de honesto, um governo tem que dar exemplos de honestidade. Não faz sentido (manter secretário denunciado)”, destacou.

Morando também evitou dar viés político à denúncia. “O Ministério Público tem independência para investigar e tem que continuar tendo. Defendo a investigação e aquele que cometeu erro vai pagar o preço da lei. Você não pode politizar um procedimento investigatório. Consequências políticas são para o PT, que quando tem um investigado (filiado) diz que enquanto não for condenado, mantém-se no cargo. Com a gente ocorre o contrário. Prova-se a inocência fora do cargo.

Na terça-feira, Morando gravou vídeo em que apoiou a operação conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, e pelo GOE (Grupo de Operações Especiais), da Polícia Civil. Ele se disse surpreso pela atitude do antigo secretário e que não compactuava com nenhum tipo de irregularidade.




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