A revelação de que os sete municípios do Grande ABC comprometem com salários de vereadores mais que o dobro do que gastavam há uma década ocorre em momento bastante oportuno. Pressionados pelos órgãos de controle, especialmente o TCE (Tribunal de Contas do Estado), os Legislativos da região têm se preocupado com o gasto excessivo de dinheiro público. Sabe-se que a manutenção da democracia custa caro, e ninguém em sã consciência abriria mão de contar com ela, mas é preciso pôr freios na sangria de recursos.

Em uma década, de 2007 para cá, os gastos das cidades com o pagamento de salários dos vereadores na região saltaram 113,4%, passando dos antigos R$ 781,1 mil mensais ao atual R$ 1,67 milhão a cada 30 dias. O principal responsável pelo aumento, que ficou muito acima da inflação de 83,3% registrada no período, foi o inchaço das Câmaras, que se aproveitaram de mudança na legislação para ampliar o número de assentos no plenário.

A única cidade que resistiu a inflar o número de vereadores foi Santo André, não por outra razão a cidade onde os gastos com os salários dos legisladores registraram a menor variação entre as sete do Grande ABC. E não consta que a louvável atitude dos edis andreenses, que se recusaram a aumentar a quantidade de cadeiras na Câmara, tenha impactado na qualidade das ações democráticas no município.

Como lutar pela redução do número de representantes populares nos parlamentos é inglória, medida fadada ao fracasso retumbante, o caminho que deve ser seguido pelos vereadores das sete cidades é diminuir os cargos em confiança que hoje estrangulam os cofres e o cidadão que os alimentam com o suor de seu trabalho. Parte considerável dos comissionados nos Legislativos – e também nos Executivos da região – só está empregada por causa da conveniência política e nada fazem para melhorar a qualidade dos serviços prestados pela vereança. Que a reportagem ora publicada pelo <CF52>Diário</CF> provoque a necessária reflexão em quem pode provocar a mudança. O momento exige parcimônia.