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Milton Andrade dramatiza poemas em S.Caetano
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
30/09/2004 | 09:44
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A voz de Milton Andrade continua a mesma, com aquela grave entonação de locutor da Rádio Nacional. E sua empatia pela poesia, pouco mudou também. Aliás, se alterou, foi para uma intensidade ainda maior, pois o ator residente em São Caetano cede nesta quinta-feira sua contribuição ao evento Marginália: Marginais e Malditos na Arte, com uma leitura dramática das linhas traçadas pelos chamados poetas malditos brasileiros. Marcada para as 20h, a dramatização de poemas de Gregório de Matos (1623-1696), Augusto dos Anjos (1884-1914) e Waly Salomão (1944-2003) terá entrada franca e é um dos ângulos escolhidos pela organização do Sesc São Caetano para iluminar a arte dita marginal, de Rogério Sganzerla e Júlio Bressane a Plínio Marcos e Baudelaire.

Aos 67 anos, Andrade externou sua afeição pelos bardos brasileiros com o espetáculo solo Versos à Boca da Noite, que permaneceu três anos em cartaz a partir de 1999. Neste monólogo, o intérprete evocava no palco, por meio de suas obras, Carlos Drummond de Andrade, Hilda Hilst, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira e Mário Quintana. A trama que unia esses versejadores era a figura de um poeta/personagem, em derrocada criativa. Para constar: um dos mais recentes trabalhos de Andrade foi uma versão de O Mercador de Veneza, de Shakespeare, adaptada por ele.

No Sesc São Caetano, a missão do veterano ator é um tanto mais didática ao apresentar excertos de obra e contextualizar o barroco Matos, o subterrâneo Augusto dos Anjos e o apocalíptico Salomão. São três autores que representam mudanças - seja rumo ao modernismo, seja rumo à liberdade editorial - na história literária do Brasil, embora execrados por seus contemporâneos.

Marginália: Marginais e Malditos na Arte - Leitura dramática de poemas de Gregório de Matos (1623-1696), Augusto dos Anjos (1884-1914) e Waly Salomão (1944-2003), pelo ator Milton Andrade, no Sesc São Caetano - r. Piauí, 554. Tel.: 4223-8800. Nesta quinta, às 20h. Entrada franca.




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