Após uma queda acentuada nos índices de aprovação, em meio a alegações de que teria favorecido amigos, o primeiro-ministro aproveitou o desarranjo da oposição e uma melhora no apoio ao seu governo para convocar eleições, mais de um ano antes do prazo legal.
Durante os 12 dias de campanha, Abe tentou mostrar a eleição como um referendo sobre sua condução da economia e sobre como estava lidando com a ameaça da Coreia do Norte. A economia japonesa vem crescendo há um ano e meio, o período mais longo de expansão contínua em mais de uma década, e Abe vem adotando uma postura parecida com a do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação à Coreia do Norte.
Com a vitória, Abe, de 63 anos, pode se tornar o primeiro-ministro japonês há mais tempo no cargo, uma distinção que vai obter caso permaneça no posto até novembro de 2019. Após a divulgação dos resultados, ele indicou que vai ampliar seus esforços para revisar a constituição do país, um de seus objetivos desde que se tornou primeiro-ministro pela primeira vez, em 2006. "Precisamos conquistar a compreensão do público", disse Abe em entrevista televisionada.
Em maio deste ano, no 70º aniversário da constituição imposta por forças de ocupação norte-americanas, Abe disse que o aumento das ameaças de segurança, uma sociedade envelhecida e a necessidade de renovação econômica eram alguns dos motivos pelos quais legisladores deveriam discutir possíveis mudanças na constituição. Ele estabeleceu como meta para a revisão o ano de 2020.
Para alterar a constituição, dois terços dos legisladores devem votar a favor das mudanças propostas. Depois disso, elas devem ter apoio da maioria dos eleitores em um referendo nacional. Em 2012, o Partido Liberal Democrata propôs mudanças na constituição, mas a proposta foi logo abandonada em meio à oposição política. A aprovação parlamentar de uma nova proposta deve ser facilitada por um novo partido de oposição de centro-direita liderado pelo governador de Tóquio, Yuriko Koike, e que também apoia a ideia. "Estamos chegando num ponto em que podemos ter uma discussão sólida" sobre mudanças na constituição, disse Koike em entrevista televisionada após a eleição.
O foco principal do primeiro-ministro é o Artigo 9 da constituição, que diz que o Japão não terá forças armadas para garantir que nunca empreenderá guerra. O país voltou a ter forças armadas nos anos 1950s, mas com caráter puramente defensivo e para ajuda em caso de desastres naturais, e com o nome de Força de Autodefesa.
Abe e seu partido argumentam que a definição na constituição pode criar uma crise nacional caso a Força de Autodefesa seja vista como inconstitucional durante um conflito. Seus oponentes dizem que todos os governos anteriores aceitaram que a constituição permite forças armadas com caráter defensivo e que Abe está levando o Japão por um caminho que pode envolver o país em guerras de outros países. Países vizinhos também criticaram a ideia. A China, que foi ocupada pelo Japão no começo do século 20, diz que Tóquio está tentando voltar ao militarismo.
Abe diz que o Japão deve desempenhar um papel maior no cenário internacional, com a participação de seus militares em missões de paz da Organização das Nações Unidas e no apoio a países aliados. Os governos dos presidentes Barack Obama e Donald Trump já expressaram que gostariam de ver o Japão desempenhando um papel militar mais amplo em sua aliança com os EUA. Fonte: Dow Jones Newswires.
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