O desafio, na verdade, é muito maior. Apesar da forma apaixonada com que fotografou principalmente garotos de praia da zona sul carioca, imagens que conquistaram uma consagração internacional, Alair Gomes foi também engenheiro, filósofo, escritor, além de estudioso e crítico de arte. "Além de mais de 170 mil negativos, ele deixou uma coleção de diários, escritos de 1954 até pouco antes de sua morte, em 1992, nos quais revela considerações artísticas e pessoais", conta Pinheiro, que pesquisou o material, armazenado na Biblioteca Nacional, no Rio.
Pelas páginas escritas em inglês (uma provável medida para evitar que o conteúdo fosse facilmente identificado), o dramaturgo tentou decifrar um homem enigmático. "Apesar dessa documentação, não é possível delinear com perfeição quem foi o Alair", observa Pinheiro. "Por isso, a peça apresenta nossa visão do artista."
Na peça dividida em três momentos da vida do fotógrafo, Luisi contracena com Andre Rosa e Claudio Andrade, que vivem diversas pessoas que passaram pela vida de Alair, reproduzindo, em cena, as imagens congeladas das fotos. O diretor Cesar Augusto buscou a delicadeza para tocar em assuntos delicados, como a sedução que Alair exercia sobre seus fotografados - há, inclusive, um momento com nu frontal.
"O bom gosto predomina e o mais importante da montagem é ressaltar temas atuais, como preconceito e liberdade", comenta Luisi. O tema, aliás, não atraiu patrocinadores. "Decidimos fazer na raça mesmo", conta Pinheiro.
ALAIR
Teatro Nair Bello. Shopping
Frei Caneca. Rua Frei Caneca, 569. Tel. 3472-2414. 6ª e sáb.; 21h; dom., 19h. R$ 80. Até 5/11
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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