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Região tem 192 quedas de energia no fim de semana

Mau tempo, causador da caída de árvores, foi o responsável pelos transtornos; tendência é a de que problema permaneça

Matheus Angioleto
Especial para o Diário
03/10/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 O mau tempo – com a volta da chuva, acompanhada pelos ventos fortes –, causou diversos transtornos à população do Grande ABC durante o fim de semana no que diz respeito à falta de luz. Entre sexta-feira e domingo, a AES Eletropaulo contabilizou 192 ocorrências de queda de energia elétrica entre as sete cidades, o que corresponde a aproximadamente dois registros por hora. Com a proximidade do verão e dos temporais tradicionais, especialistas alertam para a tendência de que o problema se intensifique e para que moradores evitem prejuízos ao desligar a entrada de energia.
O cozinheiro Guilherme Viana, 21 anos, afirma que as quedas são constantes no Parque Marajoara, bairro em que vive com a família, em Santo André. As interrupções, inclusive, têm horário para acontecer, segundo ele. “Quando cai, é normalmente às 21h. Ela pode tanto voltar após uma hora quanto apenas no dia seguinte. É bem desagradável por questões óbvias, como quando você chega cansado do trabalho e quer um banho para relaxar e não pode ter”, diz.
A estudante de Psicologia Izabela de Campos Batista, 19, destaca que, na sexta-feira, quando chegou da faculdade por volta das 23h, observou a falta de energia na residência. “Ficamos sem luz em casa por mais de 15 horas. Ficamos sem comunicação, sem chuveiro, com muitas coisas sendo descongeladas indevidamente na geladeira e almoçamos fora de casa. Além disso, existem os picos de energia que vêm antes de a luz voltar por completo. A geladeira de casa já estragou e, dessa vez, tiramos da tomada”, revela.
Segundo o professor de Engenharia Elétrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie Agostinho Pascalicchio, “a chuva, aliada à descarga elétrica alta, pode ser um problema”. “Se o raio atinge a linha de transmissão e o para-raio não é suficiente para o sistema de distribuição, pode ocorrer a queda”, diz. Ele aposta em linhas de transmissão de comprimento menor, entre outros fatores, para diminuir os transtornos.
O professor de Engenharia Elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia João Carlos Fernandes explica que a própria concessionária, por segurança, desliga chaves de proteção de transformadores. “A tendência é aumentar o número de quedas de energia, porque a chuva e o vento fazem os fios se encostarem mesmo que seja feita a manutenção preventiva. A população pode deixar luz de emergência à mão e, se ouvir chuva forte,desligar a entrada de energia para evitar acidentes.”
A revolta dos consumidores aumenta à medida em que se acompanha as atualizações sobre reajustes na tarifa. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou que, neste mês, as contas de luz passarão a cobrar R$ 3,50 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) consumido.
Conforme a AES Eletropaulo, o principal motivo das quedas de energia na região foi a caída de árvores e galhos na rede elétrica. A concessionária disse que tem plano de investimentos para melhorar o serviço. “A distribuidora está investindo na construção e ampliação de subestações, que atendem o Grande ABC (três equipamentos)”. Além disso, está em andamento plano preventivo que contempla podas em árvores, instalação de religadores (equipamentos que religam o fornecimento de energia automaticamente) e a troca de trechos da rede elétrica convencional por rede compacta (spacer cable), mais robusta e menos suscetível a interferências de galhos, árvores e objetos, destaca.

Apagão causa prejuízo para consumidor de Santo André

Interrupções no fornecimento de energia elétrica têm gerado dor de cabeça extra para moradores do Grande ABC. Com constantes quedas na rede da AES Eletropaulo, parcela da população relata prejuízos e danos materiais com os incidentes.
Morador de Santo André, o jovem Gustavo Henrique Marinheiro, 23 anos, foi um dos consumidores lesados com a interrupção da energia elétrica. No dia 12 de dezembro, após forte chuva causar explosão em poste em frente à sua casa, ele diz ter tido três aparelhos danificados. “Com o vento e o chacoalhar dos galhos, um fio encostou no outro, o que, provavelmente, causou a explosão. Três aparelhos queimaram: uma TV de LED de 32 polegadas, o micro-ondas e a geladeira. Meu prejuízo para conserto foi de R$ 945”, relata.
O caso chegou a ser noticiado pelo Diário à época, no entanto, passados dez meses, o pedido de indenização ainda não foi atendido. “A primeira audiência de conciliação não aconteceu devido à greve dos Correios. A segunda também foi cancelada. Na terceira, a AES Eletropaulo mandou representante, que disse não ter proposta. Agora ficou remarcada nova reunião para 20 de fevereiro.”
A AES Eletropaulo alega que não foram identificadas ocorrências na rede elétrica na data e local do caso citado e, por isso, “ o pedido de indenização foi indeferido”.




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