O diretor de Crédito, Planejamento e Pesquisa do BNDES, Carlos Da Costa, afirma que há boa vontade do banco para negociar. Porém, chama a atenção para o fato de que assim como os administradores do governo precisam observar critérios de responsabilidade, o banco também está sujeito a "limites prudenciais". A instituição já deixou claro que o valor da devolução reivindicada pelo governo (R$ 50 bilhões em 2017 e R$ 130 bilhões em 2018) é apenas um "indicativo".
O BNDES trouxe para a mesa de negociação com o governo uma cesta de medidas com o objetivo de reduzir o impacto que a antecipação dos pagamentos ao Tesouro Nacional poderá ter sobre o poder de fogo da instituição na concessão de crédito. Algumas das alternativas foram discutidas ontem, em reunião entre o diretor do BNDES e a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. Segundo Da Costa, uma parte considerável dos recursos pedidos pelo governo está emprestada, financiando empresas: "É por isso que esses empréstimos têm um prazo para pagamento (ao Tesouro) que acompanha o prazo de pagamento das empresas".
O Tesouro repassou ao banco recursos com prazo de pagamento de até 30 anos. E o banco programou suas operações seguindo esse período de pagamentos. Agora, alega que precisa reforçar seu caixa para poder antecipar a devolução. Uma das possibilidades é o BNDES fazer captações no mercado doméstico com papéis de renda fixa e variável. Hoje, esse tipo de financiamento está parado. No mercado externo, o banco pode alavancar recursos com instituições financeiras. Nesse caso, necessitaria enviar recursos ao exterior. "É para alavancar mais recursos. É isso que os bancos fazem: deixam parte dos recursos e multiplicam isso", disse o diretor, ressaltando que o mercado externo está líquido e barato.
Segundo Da Costa, outra possibilidade é a venda de ações de empresas que estão na carteira do BNDESPar - o braço de participações do banco. "Podemos eventualmente vender ações do BNDESPar. Mas com prudência. Não podemos queimar o patrimônio do brasileiro."
Na devolução de R$ 100 bilhões, em 2016, R$ 40 bilhões foram pagos em títulos da dívida pública. Os R$ 60 bilhões restantes foram em dinheiro, após o "desfazimento" de operações compromissadas. Quando um banco "desfaz" uma compromissada, o Banco Central recompra esses títulos e paga em dinheiro para a instituição financeira. "Se é para abater dívida, (o pagamento) é (em) títulos. A compromissada não é dívida, é política monetária, abate a dívida temporariamente", afirmou o diretor da Área Financeira e Internacional do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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