Autos serão encaminhados agora para o
MP para apresentação dos memoriais finais
Atualizada às 18h57
O tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, 27 anos, e seu vizinho Ronildo Moreira de Araújo, 29, acusados de tatuar a testa de um adolescente de 17 anos em junho com os dizeres “eu sou ladrão e vacilão”, em São Bernardo, passaram por audiência de instrução na tarde desta terça-feira. Testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas, assim como a vítima e os réus.
Os autos serão encaminhados agora para o MP (Ministério Público) para a apresentação dos memoriais finais. Em seguida irão para o assistente de acusação, depois para a defesa e só então serão encaminhados para a sentença, cuja expectativa é que seja proferida nos próximos 15 ou 20 dias . Maycon e Ronildo são acusados por lesão corporal de natureza gravíssima, constrangimento ilegal e ameaça. A pena pode chegar a quatro anos.
Os réus seguem presos. A defesa acredita, contudo, que eles possam responder o processo em liberdade. “Não houve tempo hábil de a juíza analisar o pedido de revogação de prisão preventiva. Estamos torcendo para que nos próximos três dias a situação seja definida”, disse Luciano Rodrigues de Oliveira, advogado do Ronildo.
O advogado de Maycon também se mostrou confiante após a audiência. Disse que o cliente falou com desenvoltura e que nunca tinha tido nenhum tipo de envolvimento criminal. “Ele afirmou que praticou ato impensado e que não tinha noção exata do caráter ilícito do que estava fazendo. Confessou que colocou os pés pelas mãos”, afirmou Marco Antonio Santos.
No entanto, o assistente de acusação Leonardo Alves Rodrigues ressaltou que pelas provas que constam nos autos não há como negar a autoria e os fatos. “O rapaz foi constrangido pelo entendimento da acusação e houve tortura. Cremos que vai haver a condenação dos réus, porque tentaram fazer justiça com as próprias mãos de uma forma arbitrária.” Ainda segundo o assistente, os rapazes caíram em contradição em alguns momentos da oitiva.
A promotora de Justiça Giovana Guerreiro, por sua vez, se mostrou bastante satisfeita com a audiência, frisando que os elementos colhidos na fase investigativa se confirmaram hoje. “Eles alegaram que estariam arrependidos, mas eu não sei se isso é realmente genuíno. Eles admitiram o que fizeram e que a intenção inicial foi castigar o jovem”, completou.
A mãe do adolescente, Vania Aparecida Rosa Rocha, 34, acompanhou o menor na audiência e disse que acredita na condenação dos rapazes e que o quadro psicológico do filho vem melhorando desde que foi internado, há três meses, em uma clínica de reabilitação. Apesar disso, ressalta que o trauma deve persistir. “Aquilo pode até sair da testa, mas vai ficar dentro do peito dele para o resto da vida.”
Vania afirmou ainda que o jovem pensa em voltar a estudar, trabalhar e abandonar velhas amizades. Ao todo, dez sessões de laser serão necessárias para remover os dizeres tatuados na testa. Duas delas já foram realizadas. Mais do que o resultado positivo do tratamento estético, contudo, a mãe comemora ter o filho por perto. “Eu quero que Deus abençoe os dois (acusados) e os agradeço por não terem tirado a vida do meu filho. O nosso maior medo era encontrá-lo morto”, afirma.
A avó materna Eliana Rocha Carvalho, 59, foi até a audiência na expectativa de ver o neto, já que eles não têm contato desde a internação. “A remoção da tatuagem está sendo um sucesso. Faz pouco mais de um mês que conversamos por telefone e ele disse que estava bem, mas com saudades da família. Eu só espero que a justiça seja feita e não desejo o mal a ninguém. Se tiverem de sair livres, que saiam livres, se tiverem de ser presos, que sejam presos.” (Com informações de Vanessa de Oliveira)
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