Economia Titulo Crise
Pequenas empresas do Grande ABC perdem R$ 6,6 milhões por dia

No 1º quadrimestre, companhias de menor porte
deixaram de faturar R$ 800 mi em relação a 2016

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
22/08/2017 | 07:30
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Marcos Santos/USP Imagens


As MPEs (Micro e Pequenas Empresas) das sete cidades deixaram de vender o equivalente a R$ 6,6 milhões por dia neste ano. No primeiro quadrimestre, as firmas de menor porte faturaram R$ 7,6 bilhões, enquanto que, no mesmo período de 2016, obtiveram R$ 8,4 bilhões. Ou seja, houve queda real (descontada a inflação) de 12,1%, e deixaram de entrar nos cofres das empresas R$ 800 milhões.

O desempenho de abril também não trouxe boas notícias às MPEs da região, pois a queda na receita em relação ao mesmo mês no ano passado foi de 17,5%, com perdas de R$ 300 milhões, quando o faturamento atingiu R$ 2 bilhões. A região foi a única do Estado de São Paulo a apresentar retração no intervalo. As informações são do Sebrae-SP.

O professor de análise de cenários econômicos e macroeconomia do MBA da Fipecafi (Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Silvio Paixão justifica que o tombo nos caixas das MPEs do Grande ABC é resultado do mercado dependente das indústrias, único setor com resultados negativos no território paulista (-9,8%). “Aquelas (indústrias) que possuem maior valor, como as montadoras, são as que mais sofrem com a crise”. E o efeito se dá em cadeia, pois, ao deixar de realizar encomendas às firmas menores, elas deixam de faturar.

No panorama nacional, por sua vez, o setor que está impulsionando melhora na economia é o agronegócio. “Como o Grande ABC não possui muita participação neste campo, a retomada pode demorar mais para chegar”, pontua Paixão. “Se a recuperação econômica fosse uma escada, seria como se o restante do Estado começasse a subir pelo quinto degrau e, a região, pelo primeiro”, exemplifica o consultor do Sebrae-SP, Pedro Gonçalves.

Já ao comparar o faturamento entre março e abril, a retração observada foi de 1,3% – passou de R$ 2,03 bilhões para R$ 2 bilhões – enquanto que, entre os mesmos meses do ano passado, o recuo foi mais expressivo, de 12,7% – de R$ 2,3 bilhões para R$ 2,2 bilhões. Para Gonçalves, este é um sinal de melhora, uma vez que a inflação está sob controle e a Selic (taxa básica de juros) tem caído. “Com essas reduções, o poder de compra da população aumenta, e as indústrias voltam a produzir em larga escala, voltando a movimentar a economia nas pequenas companhias, o importante é dar continuidade ao processo”.

No quadrimestre, a quantidade de pessoal ocupado (sócios, familiares, empregados e terceirizados) pelas MPEs caiu 17,4%, ao mesmo tempo em que o rendimento deles (salário médio com prêmios, comissões e pró-labore) subiu 10,9% – valores mais otimistas que os de março, quando tinham recuado em 18,2% e 10,4%, respectivamente.

Dados do Sebrae-SP também apontam que 51% dos proprietários acreditam na manutenção da receita, enquanto 32% esperam melhora. Quanto ao cenário econômico, 41% disseram que nada irá mudar e 26% apostaram na retomada. 




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