Política Titulo Região
Distritão abre possibilidade de aumento da bancada regional

Votação direta permitiria vitória de até 37
deputados, mas votos teriam de ser concentrados

Por Humberto Domiciano
Do Diário do Grande ABC
13/08/2017 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O modelo distritão, no qual os mais votados são eleitos aos Parlamentos, abre possibilidade para o aumento da bancada regional na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, mas os projetos políticos precisam evitar o êxodo de votos das sete cidades para candidatos de fora da região, além de se escorarem em forças eleitorais já colocadas. O sistema foi aprovado por comissão especial no Legislativo e irá ao plenário.

De acordo com levantamento feito pelo Diário, tomando como base o número de eleitores, votação do último colocado eleito diretamente em 2014 e abstenção registrada em 2016, que se aproximou dos 40%, a região poderia ter até 21 deputados estaduais e 16 federais, desde que todos os votos sejam dados em candidatos do Grande ABC. Hoje, são dois federais e quatro estaduais.

A região possui 2.068.802 eleitores, sendo que aproximadamente 1,2 milhão deles não anulou ou absteve-se no pleito do ano passado. Com o distritão, nomes das sete cidades precisariam mostrar força nas urnas sem depender de coligações proporcionais. Porém, para confirmar o êxito, necessitariam ser conhecidos ou ter a bênção de padrinho político poderoso ou máquina pública.

Caso o distritão estivesse em vigor no pleito de 2014, nove deputados estaduais perderiam o mandato para outras figuras. Na Câmara Federal, oito trocas seriam efetuadas. Essas mudanças, no entanto, não afetariam as figuras políticas do Grande ABC que registraram êxito nas urnas – os federais Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT) e Alex Manente (PPS) e os estaduais Luiz Turco, Luiz Fernando Teixeira, Ana do Carmo e Teonílio Barba (todos do PT), além de Orlando Morando (PSDB) e Atila Jacomussi (PSB), que foram eleitos prefeitos em 2016.

Na visão do especialista em marketing político e advogado Daniel Falcão, a nova proposta desfavorece as agremiações políticas. “Enfraquece os partidos políticos no Brasil, perde a possibilidade do voto em legenda e a tendência é de quem já tem mandato ficar, pois já tem know-how de campanha e isso beneficia os políticos.”

A mesma opinião é compartilhada pelo ex-deputado federal Vanderlei Siraque (PCdoB), que deve disputar o pleito do ano que vem. “A proposta despolitiza a política. Somente os grandes milionários se elegeriam. Muito menos cidadãos e cidadãs se arriscariam a serem candidatos e isso acaba, por tabela, com as cotas das mulheres.”

Por outro lado, Alex Manente defendeu a proposta do distritão. “Independentemente da região, é o modelo mais justo, pois elege os mais votados. Também considero a melhor maneira de transição para o modelo distrital, previsto para entrar em vigor em 2022.”

Para o especialista em Políticas Públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC) Ivan Fernandes, os candidatos do Grande ABC possuem dificuldades por conta da proximidade com a Capital.

“Boa parte dos eleitores, até por conta da televisão, acaba envolvida mais nos debates de lá do que em temas locais. Na comparação com outras regiões, com Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, isso acontece com menos frequência e questões paroquiais são melhor discutidas pela mídia”, explicou.

PT deve apostar na força de ex-prefeitos


Diante da possibilidade de mudança na regra eleitoral, o PT pretende apostar em nomes conhecidos para o ano que vem. A estratégia seria aproveitar o potencial eleitoral de ex-prefeitos como Donisete Braga, de Mauá, José de Filippi Júnior, de Diadema, e Luiz Marinho, de São Bernardo para impulsionar a bancada nos Parlamentos.

“Se vier o distritão, vamos lançar número pequeno de candidatos, seriam os 15 que já estão (na Assembleia Legislativa) e talvez mais uns dez”, afirmou o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT).

Por outro lado, o PSDB deve apostar em nomes novos, como o presidente da Câmara de São Bernardo, Pery Cartola, e os vereadores de Santo André Jobert Minhoca e Pedrinho Botaro. Há discussão de filiação de quadros destacados para o ano que vem, como o vice-prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima (SD).

Outras apostas que devem ser feitas na região dizem respeito a projetos de políticos ligados a prefeitos, como os presidentes do Legislativo de Mauá, Admir Jacomussi (PRP), e de Marcos Michels (PSB), de Diadema. Almir Cicote (PSB), que comanda a Câmara de Santo André, também pretende lançar candidatura em 2018.

Para o especialista em políticas públicas da UFABC Ivan Fernandes, a estratégia de lançamento de candidaturas deve observar o tamanho do município. “Cidades maiores poderão ter vantagem, mas aumenta demais o custo de coordenação entre os partidos. Por exemplo, uma legenda pode ter dez nomes viáveis, mas apostar em dois candidatos que concentrariam os votos, evitando assim o aumento de custos da campanha”, definiu. 




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