Palavra do Leitor Titulo Artigo
Eu vejo
Do Diário do Grande ABC
24/07/2017 | 09:29
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Artigo

Pelos bigodes de Salvador Dalí! Eu vejo, mas tem coisas que não queria estar vendo. Vejo ao vivo e em cores. Eu vejo o que todo mundo pode ver, mas talvez eu seja ou esteja mais atenta com essa minha mania de reportar, de reparar. Coisas de jornalista. Como diria nosso Cazuza, o próprio, que deve bem ter visto onde tudo isso ia dar e se mandou: eu vejo o futuro repetir o passado.

Eu vejo gente, antes de tudo. Gente falindo, quebrando, sem esperanças, gente agoniada com o rumo dessa toada. Sendo derrubada como as vacas pelo rabo nas vaquejadas. Levando rasteiras. Vejo a minha gente dividida e sem noção. Com que frequência? O tempo inteiro, como respondeu o menino do filme de cinema que, apavorado, via gente morta.

Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome. Nem de frio, jogado numa rua movimentada de São Paulo – o dia inteiro morto, ali, até que alguém percebesse que aquele corpo já não se mexia, ali morto jazia. São tantos corpos jogados pela cidade que poucos param para ver se ainda se mexem, se tremem, se têm fome, ou se apenas estão decididos a se consumir a si próprios acelerando verem-se livres da existência.

Eu não posso, embora tente, ver beleza em tudo. As coisas estão feias, ultrapassadas, caindo aos pedaços porque ninguém consegue ver, nem sentir, renovação. Eu vejo isso por cima de um muro, muro cheio de políticos sem ideal, amontoados, se reunindo para decidir quando se reunirão para decidir que ali vão ficar. Em cima do muro. Mas de lá eles não avistam o que eu vejo, nem conseguem ouvir os apelos dos que eu vejo por aí tentando sobreviver. Mantendo um mínimo de dignidade, cada dia mais rala.

Eu vejo tudo enquadrado para onde dirijo o olhar – de uma vista cansada que a cada ano aumenta um grau. Talvez até para não serem vistas, as próprias coisas se embacem, se distanciem. Essa semana atualizei as lentes dos meus óculos para ver de perto. E os de para ver de longe. Dois, que um só para tudo – bifocal – não acompanha o movimento rápido que faço pra não perder de ver nada, me confunde e tonteia. Não posso me dar ao luxo de não enxergar para qualquer lado que olhe. Nem que seja só para contar a vocês algumas das minhas observações.

Não vire o rosto. Olhe também o que está havendo e não dá para negar. Negue que me pertenceu, que eu mostro a boca molhada. E ainda marcada pelo beijo seu. Eu vejo flores em você.

Ver é sentido. Houve uma vez uma canção que falava perto do coração. O que os olhos não veem o coração não sente, uma forma de tentar explicar nossa própria distração, nossa própria cegueira.

Marli Gonçalves é jornalista.

Palavra do leitor

Impostos – 1
Não bastassem os casos de corrupção denunciados pelo açougueiro milionário e dedo-duro, e que rodeiam o desgoverno do presidente Michel Temer, agora vem aumento de impostos para prejudicar a economia e quem realmente trabalha de fato neste País (Economia, dia 21). O pior é isso tudo estar acontecendo sem que haja nenhum esboço de reação da sociedade, que está anestesiada, desiludida e, portanto, sem forças para fazer frente a esse ataque. As lideranças que poderiam sugerir outros rumos estão enroladas até o pescoço no mar de lama da corrupção. As centrais sindicais estão divididas. A CUT está fora da mamata e não indicou ninguém neste desgoverno, a Força Sindical tem assento garantido e está pianinho. Ou seja, não esperem nada de ninguém, Legislativo, Executivo ou Judiciário, pois estão batendo cabeça e cada um defendendo seus privilégios e regalias. Esse é o Brasil, um País de poucos.
Ailton Gomes
Ribeirão Pires

Impostos – 2
‘O povo vai entender a alta de imposto.’ Governo não vê necessidade de mais tributos ‘no momento’. Como assim?! Sinto muito, excelência, mas não entendemos não! Sabe por quê? Estamos no nosso limite: se queremos Saúde, temos que pagar plano caro. Se queremos Educação também pagamos caro. Segurança nem se fala. E por aí vai. Os órgãos reguladores que deveriam trabalhar a favor dos consumidores beneficiam os prestadores de serviços. Desconfiamos que exista muita propina correndo solta nesses órgãos. O desemprego se alastra e se a inflação está sob ‘controle’ é porque as pessoas estão consumindo apenas o básico. Quando o senhor assumiu, muitos foram os que depositaram confiança na sua atuação, mas ao longo do tempo v. excia. se mostrou um tanto fraco, por vezes indeciso: foi só alguns mal acostumados com as mamatas estrebucharem e certo ministério extinto voltou à condição antiga. Sr. Temer, não nos peça para entender alta de imposto enquanto não se reduzir a máquina pública, que continua obesa, e as excelências de todos os níveis continuarem gastando e gozando de mordomias que os simples mortais pagadores de impostos nem imaginam. Poderia listar uma centena de razões, sem falar da corrupção que nos coloca abaixo de países de terceiro mundo, alinhando-nos com o que de pior existe, quando poderíamos estar entre as grandes potências. Como entender?
Aparecida Dileide Gaziolla
São Caetano

Impostos – 3
Por que no segundo país em que se pagam os mais altos impostos no mundo o povo não reclama? Na Suécia, país ‘socialista’, as escolas são de primeira. O morador será sustentado pelo Estado até sair da faculdade. O sistema de Saúde pública, de primeira, é extensivo a todos os cidadãos. Os idosos têm assistência total. As penitenciárias estão praticamente fechando as portas por falta de delinquentes, porque pessoas bem assistidas e com um futuro próspero não precisam delinquir. Os representantes do povo, eleitos democraticamente, não têm nenhuma vantagem extra. Moram em apartamento comunitário onde todos lavam suas próprias roupas e cozinham seu próprio alimento, inclusive usando meio de transporte público pagando do próprio bolso. Agora, no Brasil, primeiro-mundista em impostos, nada funciona. Nossos representantes se julgam ungidos por Deus. Recebem polpudos salários, fora as benesses cuja maioria da população jamais terá. Aposentam-se com salário integral. Plano de Saúde grátis de primeira. Legislam em causa própria, aprovando leis que os protegem de qualquer movimentação de cobrança da população. Em muitos municípios vereadores ganham mais do que arrecadam em impostos. Não trabalham, gastando e corrompendo verbas enviadas pelo governo federal, deixando à míngua a população. Ou a população brasileira toma consciência do verdadeiro papel de nossos representantes ou continuaremos a pagar cada vez mais impostos sem nada receber em troca.
Beatriz Campos
Capital

Trânsito
Já fiz diversas reclamações, por meio deste jornal, com respeito ao trânsito caótico que temos pelo Bairro Campestre, mais precisamente na Alameda Campestre, entre o Viaduto D. Pedro II (Rua Vitória Régia) até a Rua das Figueiras. Os veículos, motos e também agora muitos caminhoes e ônibus trafegam pela via em alta velocidade, inadequada para o que temos ali instalado. Temos uma churrascaria, um restaurante de peixes e, o pior, uma escola de futebol, que tem muitas crianças que a frequentam, tendo que atravessar a rua. Como o departamento de trânsito e a Prefeitura não tomam qualquer atitude a respeito, creio que exista um departamento a ser acionado para que seja sanado este problema – ou este departamento não funciona? Creio eu que tenha pessoas para fiscalizar e resolver este caso, pois não aguentamos mais tantos transtornos, fora as irregularidades com respeito aos veículos que estacionam em frente às nossas residencias. Quando chamamos, os agentes do departamento de trânsito não comparecem ao local. Trata-se de descaso total com o contribuinte. Vemos pela internet tantas afirmações de gerenciadores dizendo que estão tomando atitudes com respeito à melhoria de nossa Santo André, mas ainda falta muita coisa a ser feita. Trabalhei em São Caetano, no Poder Judiciário, e quando tínhamos problemas semelhantes logo eram sanados, pois os regentes davam valor aos munícipes que pagam seus salários.
Claudio Luiz da Silva Alameda
Santo André 




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