Entende-se perfeitamente a frustração que prefeitos do Grande ABC expressam nas entrevistas em que fazem balanço dos seis primeiros meses de trabalho. Entusiasmados com a vitória nas urnas e cheios de vontade para iniciar a execução dos planos de governo apresentados durante as campanhas, eles se depararam com cenário árido ao assumirem o principal posto nos Executivos municipais. Reportagem publicada hoje pelo Diário mostra que eles têm razões de sobra para lamentar: a crise econômica deixou as cidades com pouquíssimo dinheiro em caixa.

Levantamento da equipe de reportagem realizado com as prefeituras da região mostra que os municípios do Grande ABC se preparam para lidar com receita 21,7% menor do que a projetada no orçamento deste ano. Ao todo, dos R$ 11,07 bilhões estimados em arrecadação para 2017, devem efetivamente entrar nas contas municipais R$ 8,67 bilhões, ou seja, R$ 2,4 bilhões aquém do previsto.

São Bernardo registra a pior situação. O município tinha estimado receitas diretas no valor de R$ 4,7 bilhões. No entanto, o prefeito Orlando Morando (PSDB) avalia que deve fechar o ano com arrecadação de R$ 3,26 bilhões. Somente no primeiro semestre a redução se aproximou dos R$ 800 milhões. Santo André enfrenta situação parecida. A cidade deve perder R$ 600 milhões de arrecadação em 2017.

Não há no horizonte sinal de que a crise que devasta os municípios esteja perto do fim. As acusações contra o presidente Michel Temer (PMDB) interromperam a retomada que parecia despontar. O pouco dinheiro em caixa certamente vai se refletir na contenção de planos – o que, por sua vez, vai gerar cobrança da opinião pública. Os prefeitos precisam estar preparados para o aumento da pressão das ruas. Saber explicar os motivos de eventuais atrasos na execução de projetos será preponderante para manter a lua de mel com a população. Comunicação eficiente – direta e transparente – será o maior desafio dos chefes de Executivo neste segundo semestre, além do de apertar os cintos.