Luciana Alves da Silva, 25 anos, mãe do feto jogado no lixo pelo Hospital Municipal Doutor Radamés Nardini, em Mauá, afirmou que teme voltar à unidade hospitalar. Durante a tarde de ontem, a balconista passou mal e teve hemorragia. Ela procurou atendimento na UBS (Unidade Básica de Saúde) no Jardim Zaíra 6. Segundo Luciana, os médicos aconselharam consulta no hospital municipal.

"Nunca mais volto para aquele lugar. Para mim, o hospital representa medo e pavor", disse Luciana. Ela conta que desde sexta-feira, quando a natimorta desapareceu, tem pesadelos com a situação. "Toda hora que tento dormir vejo dois corpos na minha frente. Um é a minha filha, que nasceu morta. E outro é o feto que me apresentaram no IML (Instituto Médico-Legal)", lamentou.

Luciana estava grávida de sete meses de uma menina. Na manhã de quinta-feira ela compareceu, com dores, a uma UBS no município. Foi constatado que a criança já não apresentava batimentos cardíacos e a balconista foi encaminhada para o Hospital Nardini. Ela recebeu medicação para induzir o parto.

Na tarde de sexta-feira, funcionários do IML não encontraram o feto na unidade hospitalar e avisaram Luciana. A polícia encontrou uma natimorta na empresa Boa Hora, responsável pela incineração do lixo hospitalar, mas Luciana não a reconheceu. "Aquele corpo parecia que tinha sido queimado e minha filha tinha muito mais cabelo."

Na mesma noite, outra paciente deu à luz um natimorot. A mulher foi companheira de quarto de Luciana. "Ela falou que eu sentiria dores durante o parto", contou,

O chefe dos investigadores do 1º DP (Distrito Policial), Edson Barbosa, disse o natimorto era do sexo masculino e pesava mais de três quilos.

Hoje a balconista deve comparecer à Fundação Santo André para colher material para exame de DNA.

Segundo a Prefeitura, uma assistente social está acompanhando Luciana.

Porém, ontem à tarde, tanto a balconista como o marido, Rafael da Silva, informaram que não receberam visita de assistente.