Os deputados estaduais Teonilio Barba, com reduto eleitoral em São Bernardo, e João Paulo Rillo, ambos do PT, sugerem pedido de reabertura de processo contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em polêmico episódio da denúncia de compra de apartamento em Higienópolis, na Capital, pelo tucano. O caso remete a 2005, data da aquisição do imóvel, e há acusação de negociação subvalorizada firmada por banqueiro, réu por lavagem de dinheiro em favor de Celso Pitta (morto em 2009) e que teve seu banco envolvido em eventual esquema citado como trensalão tucano.
Houve instauração de procedimento investigatório criminal contra FHC, mas o processo foi arquivado em janeiro. A partir da atual investigação do STF (Supremo Tribunal Federal) envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB), os petistas consideram ter surgido fatos que podem auxiliar os órgãos de controle na apuração de crimes de lavagem de ativos e de sonegação fiscal na compra do apartamento naquela oportunidade. Isso porque Edgar Safdié, filho do banqueiro Edmundo Safdié – morto no ano passado –, é apontado pela Polícia Federal como o homem que seria acionado pelo deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para receber propina da JBS e foi sócio da Bueninvest Representações Comerciais Ltda, que vendeu, à época, o imóvel por R$ 1,1 milhão – o valor de mercado seria de R$ 2,569 milhões.
Rillo afirmou que se, ao fim das investigações, ficar constatada a participação de Edgar Safdié em crimes contra a ordem tributária no caso Temer, os fatos descritos na representação vão ganhar novos indícios. “(Com esse cenário) Vou novamente à Justiça para que sejam apurados os detalhes desta suspeita aquisição de imóvel pelo ex-presidente.” Barba pontuou, por sua vez, que os elementos estão sendo coletados pela PF e que devem instruir acusação “mais robusta”. A ação, segundo o parlamentar, será impetrada quando a averiguação avançar no âmbito federal. “Diante disso, vamos considerar o conjunto da denúncia.”
À PF, Edgar negou que seja a pessoa procurada pela força-tarefa da Operação Lava Jato, embora tenha admitido que fez doação à campanha eleitoral de Loures em 2006.
Na ocasião do arquivamento do inquérito, a Procuradoria relatou que a Receita Federal negou a existência de procedimento administrativo fiscal, bem como registrou que o Coaf (Controle de Atividades Financeiras), órgão também requisitado, não identificou anormalidades nas comunicações de operações financeiras. Questionada, a Fundação FHC não se pronunciou sobre o assunto.
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