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Velhas novidades
Carlos Brickmann
14/06/2017 | 07:00
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O veterano Repórter Esso, que marcou época no rádio e na TV, tinha como lema ‘o primeiro a dar as últimas’. Os noticiários do Brasil, hoje, são os de sempre, divulgando o de sempre. Novidades? Preferem velhidades. Para todos nós, resta a impressão de que só há notícias bem antigas. O PSDB fica no governo, como ficou sempre que pôde. Claro, dizem que é para garantir a governabilidade e a estabilidade do País e os avanços na economia. Nada a ver com cargos e verbas, claro. Puro patriotismo. Lula diz que o PT tem muito a ensinar aos outros partidos. Não é bem assim: com Mensalão, Petrolão, empreiteiras amigas, açougueiros amigos, propriedades que não são dele, nunca antes na história deste País partido nenhum girou tanto dinheiro. Mas o PMDB é mais competente: participou da farra petista e continuou no poder quando o PT caiu.

O PT, na busca de pixulecos, perdeu gente de nível, como Hélio Bicudo, Paulo de Tarso Venceslau (que, além de sair, fez as primeiras denúncias de malfeitos petistas), Erundina. O PMDB fez igual e não perdeu ninguém. O PSDB, este tem a aprender. Não é questão de ética: há muito tucano, incluindo seu candidato à Presidência, em listas de denunciados. Nem de caráter: a ala jovem tucana, que era contra ficar no governo, resmunga mas ficou. Miguel Reale Jr., 73, foi quem saiu do partido. Pergunta que os líderes tucanos não fizeram: se o PSDB é igual aos outros, por que ficar lá?

Alto nível
O PSDB promoveu uma reunião de altíssimo nível para decidir o que fazer. Havia quatro governadores, Geraldo Alckmin, de São Paulo; Beto Richa, do Paraná; Marconi Perillo, de Goiás; e Simão Jatene, do Pará. Quatro ministros, Bruno Araújo, Aloysio Nunes, Antônio Imbassahy e Luislinda Valois. Dois prefeitos de capitais, Arthur Virgílio Neto, Manaus; e João Doria, São Paulo. Mais um carro Gol lotado com a ala jovem tucana. Decidiram que ficar no governo é melhor do que na oposição.

Exemplo partidário

O PMDB é coerente: está sempre com o governo. O governo muda, o PMDB fica. Ninguém desvia o PMDB de seus ideais.

De um lado a outro
Quando os fundadores do PSDB resolveram tomar rumo próprio, eram classificados como ‘a consciência do PMDB’. Tinham deixado o partido por não concordar com seus rumos. Mas, se os tucanos deixaram o PMDB, o PMDB não deixou os tucanos. O PSDB esteve em todos os governos, exceto no de Collor – e só porque Mário Covas, governador de São Paulo, impediu a adesão (Collor queria Serra e Fernando Henrique no ministério). Mas há uma diferença entre Reale Jr. e Covas: Reale Jr. tem prestígio, caráter, e Covas tinha o governo paulista.

A força da palavra
Miguel Reale Jr. tem também o dom da palavra. E está indignado: “É difícil sair de um partido do qual fui vice-presidente em São Paulo, amigo de todos os dirigentes, em que compartilhei ideais e esperanças. Mas desisti diante de tantas vacilações e fragilidades. Não se pode ser fraco diante da afronta à ética”. E, referindo-se à fama tucana de sempre ficar em cima do muro, previu o futuro do PSDB: “Espero que o partido encontre um muro suficientemente grande que possa servir de túmulo”.

O TSE é só nosso
Do repórter Cláudio Tognolli: “Só no Brasil o juiz Napoleão cita o Alcorão, pede guilhotina para os jornalistas e fica tudo por isso mesmo”.

O voto do TSE...
Houve quem aprovasse e quem criticasse a decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Os dois lados têm leis para citar (e citam só a parte da legislação que melhor atenda às suas preferências políticas). O fato é que as leis devem ser interpretadas, e quem decide é a Justiça. Ponto final. Decisão judicial se cumpre, mas pode-se (e deve-se) discuti-la. A posição de um dos procuradores da Lava Jato contra a decisão, porém, não pode ser aceita: primeiro, porque os procuradores têm o direito de propor, mas não de decidir; quem decide são os juízes, ouvidos obrigatoriamente os advogados que defendem os réus. Insultar os juízes, faltando-lhes com o respeito, e classificando o voto dos que não concordam com os promotores de “verdadeiro cúmulo do cinismo”, é excesso que também deve ser discutido. E os próprios procuradores devem, entre si, iniciar a discussão.

...e suas consequências
A senadora Kátia Abreu, antiga líder dos ruralistas, ex-DEM, ex-PSD, hoje PMDB, que era ferozmente antipetista e virou amiga de infância de Dilma, quer vê-la candidata ao Senado ou à Câmara pelo Tocantins. Dilma sairia pelo PT e Kátia a apoiaria pelo PMDB. Mas já há reações: no Estado, entidades antipetistas estão organizando o movimento ‘Aqui, não!’




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