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Murilo Benício quer mostrar trabalho
Da TV Press
15/06/2008 | 07:02
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Murilo Benício não tem vergonha de dizer que seus melhores papéis na TV chegaram a partir de seus pedidos. O ator, que interpreta o malandro Dodi em A Favorita, na Globo, substituiu Fábio Assunção na trama de João Emanuel Carneiro depois de ter recusado um outro papel no folhetim. Isso porque, inicialmente, a idéia do autor era aproveitar o embalo dos últimos papéis do ator, todos voltados para a comédia.

"A emissora entendeu que estava na hora de mudar essa imagem. As pessoas já estavam achando que eu era o Zacarias. Estava vendo a hora de ser chamado para trabalhar com o Didi", brinca. E, no início, chegou a imaginar que poderia não ser chamado para o papel, já que tem cerca de cinco centímetros a menos que a atriz Cláudia Raia, com quem faz par romântico. "Resolvemos isso com o uso de salto nos meus sapatos", revela.

Questão resolvida, Murilo não teve muitas dificuldades na hora de encontrar o tom de sua nova empreitada. Primeiro, porque o figurino de Dodi já indicava ao ator um comportamento grosseiro e com certo ar de malandro. Logo ao ler os primeiros capítulos, Murilo decidiu recorrer a sua prateleira de longas e assistir algumas produções com tipos próximos ao de seu personagem. E foi logo nos primeiros que ele encontrou o que procurava.

"O Tony Montana, que o Al Pacino interpreta em Scarface, foi minha maior referência. Até o figurino dos dois é parecido. Sempre que começo um trabalho novo, busco informações no cinema", explica.

O que te interessou na trama?
MURILO BENÍCIO - A vida hoje é feita de puro marketing. A pessoa que está no poder nem sempre é a mais competente, mas com certeza a que soube passar mais credibilidade. O marketing já venceu a competência. E é essa a atmosfera da novela, essa incógnita de quem vai se vender melhor. Essa dúvida é o que a história do João Emanuel tem de interessante.

Como foi o trabalho de composição do Dodi?
MURILO BENÍCIO
- Acho que o melhor jeito de compor um personagem é experimentando seu figurino. No caso do Dodi, uso ternos com camisas sociais abertas até quase a altura do peito. Eu não estava com essa barba e pintei o cabelo para aparecer com alguns fios grisalhos. Melhor assim, porque todo mundo fala de idade e o Dodi foi casado com a mãe da Lara, personagem da Mariana Ximenes.

E não tem muito tempo que você e a Mariana Ximenes fizeram par romântico em Chocolate com Pimenta, interpretando jovens que estudavam na mesma escola...
MURILO BENÍCIO - Não acho que esses detalhes sejam tão importantes. Se existe preocupação com a caracterização e as interpretações são convincentes, não tem problema. A Cláudia Raia, por exemplo, faz par comigo na novela. Acho que as cenas estão ótimas e que temos uma química enorme no estúdio. Para envelhecer um pouco mais, criei um jeito de falar diferente, mais grosso. E a diferença não é tão grande. Eu vou fazer 37 anos mês que vem e o Dodi não tem muito mais que 40.

A mudança da voz é um dos recursos que você sempre utiliza. Não tem medo de errar?
MURILO BENÍCIO - Não, penso o contrário. Acho fundamental colocar ingredientes diferentes em cada trabalho. Claro que essa é uma forma de abrir o campo do erro, mas a gente tem de experimentar para poder acertar. O artista tem a obrigação de inovar sempre para não se tornar cansativo. Acho que não se aprende nada acertando. Só se ganha elogios. É no erro que a gente cresce, anda para frente. Não tenho a pretensão de me tornar a maior estrela da Globo, mas de crescer como ator.

Essa é a segunda vez que você se oferece para um papel cuja opção inicial era o Fábio Assunção. Isso não te incomoda?
MURILO BENÍCIO
- Minha vaidade não chega a esse ponto. Sempre fui segunda ou até terceira opção. Sou ator contratado da emissora e tenho de direcionar minha carreira de algum jeito. Quando soube que estavam procurando outro ator, liguei e disse que estava disponível. Não quero que pensem que não estou com vontade de trabalhar.




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