O Cemitério Municipal de Diadema é o único da Grande São Paulo a ter um espaço reservado para oferendas de Umbanda e Candomblé. O local é chamado de Ilê, casa para os umbandistas.
São 500 pessoas por mês utilizando a casa, gente de todo o tipo “desde com chinelo no pé até terno Armani”, como dizem os funcionários.
Essa foi a solução encontrada pela administração do cemitério para dar fim às oferendas como velas, flores e comidas que amanheciam nas calçadas do local todos os dias.
“Os freqüentadores reclamavam. O Ilê é uma conseqüência da grande concentração de terreiros que há na cidade”, explica o administrador do cemitério, Armelindo Lopes Santana.
Benedito Ribeiro, 74 anos, é funcionário do cemitério e pai-de-santo. Conta que debaixo do terreno foi enterrado uma firmeza, espécie de oração, que ninguém sabe o que é.
Apesar das limpezas constantes, o cheiro no terreno é forte. O terreiro atravessa a Alameda da Saudade e chega até a sede da igreja protestante Assembléia de Deus, logo em frente ao terreno.“Muitos deles implicam com a cultura que se é praticada aqui”, disse o administrador.
O Ilê é protegido por um cadeado e só entra quem preenche ficha na administração. Mas não escapa dos andarilhos, que saem cambaleando depois de tomar vidros inteiros de cachaça deixada nos trabalhos.
“Nem os frangos escapam. Muita gente leva as oferendas para comer. Mas acho que os orixás entendem que quem pega é porque passa fome”, justifica Santana.
Já Ribeiro, freqüentador dos terreiros, acredita que quem bebe e come das oferendas não tem mais sucesso. “Não adianta, se mexer cai na desgraça. Termina os dias na miséria”, profetiza. (Supervisão de Cláudia Fernandes)Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.