Pré-candidato ao Paço de São Bernardo pelo PPS, o deputado estadual Alex Manente afirma que o poderio financeiro não será preponderante para definir a eleição do ano que vem. Em 2008, os recursos empenhados na campanha foram um dos fatores que levaram Luiz Marinho (PT) à vitória.
No pleito passado, o petista protagonizou uma das mais caras campanhas do País. Foram gastos R$ 11,2 milhões nos dois turnos, numa média de R$ 47 por cada um dos 237.617 votos que recebi na segunda etapa da eleição. Em comparação, para se eleger chefe do Executivo da Capital, Gilberto Kassab (PSD) gastou quase R$ 8 por eleitor.
A diferença fica ainda mais evidente quando confrontadas as despesas dos adversários enfrentados por Marinho em São Bernardo. Segundo colocado na disputa, Orlando Morando (PSDB) despendeu R$ 4 milhões, enquanto Alex Manente, terceiro lugar na corrida eleitoral, R$ 1,3 milhão.
O popular-socialista acredita que desta vez as realizações do governo petista é que serão julgadas pelos eleitores. As cifras ficarão em segundo plano. "São duas campanhas diferentes. Em 2008 houve alguns componentes importantes para vitória do Marinho, como desconhecimento de seu nome, nunca tinha disputado mandato na cidade, havia um sentimento de mudança. Este será um pleito que não será definido economicamente, será de conceito."
Para o deputado, as pessoas avaliarão o modelo de gestão, independentemente do número de partidos aliados ou da quantidade de candidatos a vereador de cada chapa. "Observamos algumas críticas à atual administração por parte da sociedade. A população julgará o modelo implantado, se foi bom ou não para cidade, não temos fato novo."
Alex Manente observa ainda que a análise por parte do eleitorado se dará até o fim deste ano. "Porque no ano que vem, qualquer mudança na administração, como inaugurações, lançamento de programas, mudança de serviços públicos, será vista como um movimento eleitoral. Este ano é definitivo."
Com discurso que se aproxima de candidato, o parlamentar, que procura evitar tom mais áspero nas entrevistas, agora dispara críticas ao Executivo. Segundo Alex, as obras em execução na cidade, como Hospital de Clínicas, Centros Educacionais Unificados e núcleos esportivos, não são garantia de resultados práticos.
"Vemos que existe muito dinheiro do governo federal. Mas são investimentos que também geram dívidas (de contrapartida) para a cidade. O município tem orçamento grande. Observamos intervenções em alguns setores, mas precisamos sentir se terá consequências positivas para a cidade", considera.
Uma área em que mereceria melhor tratamento pelo Paço é o funcionalismo, de acordo com o deputado. "Nós acreditamos na valorização do funcionário público. Vou me debruçar nessa questão. Os servidores se sentiram fora do processo de discussão", discorreu, referindo-se ao plano de cargos, que não saiu do papel e das mudanças no sistema previdenciário, criticado por parte da categoria.
PSDB e PPS de lados opostos no 1º turno
Ao contrário do que gostaria o coordenador regional do PSDB, deputado federal William Dib, o que se desenha para o primeiro turno das eleições de São Bernardo é o PPS e o tucanato em lados opostos.
Ontem, o presidente do PSDB de São Bernardo, vereador Admir Ferro, respondeu à declaração de Alex Manente, de que o PPS não aceita ser vice na chapa tucana e deixou clara a posição do partido. "Também não aceitamos ser vice deles, porque teremos chapa própria ao Paço em 2012."
Ferro resgatou encontro realizado em junho pelas lideranças dos dois partidos para argumentar que essa prerrogativa foi defendida primeiramente pelo PSDB. "Naquele momento, nós tínhamos convicção da candidatura. O PPS não, ainda havia dúvida. Fomos nós que não aceitamos ser vice. Por isso que definimos parceria somente no segundo turno. Não há novidade."
Em reportagem publicada no domingo pelo Diário, Alex Manente descartou ser vice em chapa tucana. "O PPS tem o seu projeto (...) Naturalmente tem seu modelo para o que é melhor para São Bernardo. Futuramente, se o PSDB quiser aderir a esse modelo, nós discutiremos. Mas o PPS não aderirá ao projeto do PSDB", afirmou.
William Dib defende a união das duas forças já no primeiro turno para que as diferenças entre a oposição unida e o governo Luiz Marinho, que tentará a reeleição, sejam expostas durante 60 dias, e não em apenas três semanas do segundo turno. Economia de recursos é outro argumento do coordenador do PSDB para efetivar a aliança desde o início do pleito. Mas a estratégia tem resistência de algumas alas do ninho tucano.
O deputado estadual Orlando Morando não quis comentar o assunto. William Dib não foi encontrado.
Interferência - Nos bastidores comenta-se que a executiva nacional do PSDB irá interferir na escolha de pré-candidatos em cidades com mais de 200 mil eleitores - caso de São Bernardo - e até mesmo proibir chapas que não tenham chances de vitória. Ferro diz que desconhece o assunto, e que sabe apenas da resolução que obriga a legenda a estar em chapa majoritária nesses municípios.
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