A Câmara de Mauá, presidida por Admir Jacomussi (PRP), promoveu no início do ano o motorista da Casa Ademir Santana Crizol para assistente financeiro do Legislativo. O funcionário doou R$ 6.500 para a campanha do hoje prefeito Atila Jacomussi (PSB), filho de Jacomussi, à Assembleia, em 2014. A Câmara nega irregularidades na contratação.
Na eleição daquele ano, Atila concorreu pelo PCdoB e foi eleito deputado estadual com 62.856 votos – renunciou ao posto no fim do ano passado após superar Donisete Braga (PT) na corrida pela Prefeitura.
Não foi apenas Crizol que subiu de cargo no Legislativo mauaense na gestão de Jacomussi, iniciada em janeiro. O ex-motorista foi alçado ao posto, de competência técnica e subordinado à presidência, em substituição a Paulo Toshiyuki Onizuka, então detentor do cargo, que foi promovido a supervisor de contabilidade e finanças. Esse posto era ocupado por Luiz Cláudio da Silva (PRP), que, por sua vez, assumiu a direção-geral da Casa. Em 2016, Luiz foi candidato a vereador pela base de Atila – recebeu 652 votos. Todos eles são servidores de carreira no Legislativo e integram setor que administra as contas da Câmara.
Como motorista executivo mensageiro, Crizol recebia mensalmente R$ 3.806. Na nova função passou a ganhar R$ 4.716,72. Não foi a primeira vez, porém, que o funcionário ocupou cargos do alto escalão na Casa. Em 2011, na gestão de Rogério Santana (ex-PT, hoje Rede), atual ouvidor municipal, Crizol foi nomeado como coordenador financeiro, cuja remuneração mensal é de R$ 5.589,95. Em 2014, em meio à eleição, ele foi indicado como diretor-geral, posto administrativo mais importante da Câmara, com salário de R$ 8.623,62, sob o comando do então presidente Paulo Suares (PT). Foi nessa época que Crizol contribuiu com a campanha de Atila.
Em cálculo hipotético, o servidor teria de economizar integralmente dois meses de salário de motorista para chegar ao valor da doação feita ao hoje prefeito, isso levando em consideração a remuneração bruta, sem contar descontos.
Por meio de nota, a Câmara explicou que a nomeação de Crizol respeitou a legislação municipal. “O estatuto do funcionalismo permite haver substituição no impedimento legal e temporário do titular de cargo efetivo ou em comissão. Por consequência da assunção do supervisor de contabilidade e finanças (Luiz) ao cargo de diretor-geral, mostrou-se necessário, para o andamento dos trabalhos, ascender o assistente financeiro para responder pela supervisão do departamento financeiro”, diz a nota.
O Legislativo de Mauá negou que haja conflitos de interesse pelo fato de o motorista ter efetuado doação à campanha de Atila e alegou que Crizol possui formação superior e curso de contabilidade.
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