Sua estreia na arte de rua aconteceu em um muro da Rua Doutor Moacyr Vaz de Andrade, na Vila Gustavo, zona norte paulistana. Ali foi inaugurada na manhã de domingo a primeira área do Museu de Arte de Rua (MAR), projeto da Secretaria Municipal de Cultura que selecionou grafiteiros para colorir muros públicos.
Vestindo máscara, luvas pretas e camiseta do patrocinador da ação, uma marca de tintas, o prefeito empunhou um spray de cor vermelha para iniciar seu primeiro desenho. Ele pintou um grande coração, remetendo ao símbolo de um de seus projetos mais conhecidos: o São Paulo Cidade Linda.
A calça jeans e o sapatênis que costumam compor o look do gestor nas agendas mais informais não o impediram de subir em uma escada para terminar a criação e inserir acima do coração as letras S e P. Ao "assinar" a obra, o prefeito fez questão de mostrar que o conflito com os artistas de rua ficou no passado. Na mesma parede, deixou registrada a inscrição "J.Doria / Grafite é Arte".
Ao lado dele, jovens grafitavam dez murais. Ao contrário do prefeito, a maioria não estava preocupada com o cheiro da tinta ou em sujar as mãos - trabalhavam com o rosto e os braços descobertos. Desenhos de animais e pinturas que remetem à miscigenação brasileira e valorizam a cultura hip hop foram algumas das temáticas. A única regra imposta aos grafiteiros no edital municipal que criou o MAR era que os desenhos não tivessem apologia a práticas ilícitas, como violência e uso de drogas.
"Esse é o primeiro Museu de Arte de Rua. Foram os grafiteiros que escolheram (a área), assim como todas as demais áreas (que receberão o museu). A escolha é deles, a arte é deles e o que eles escolherem e onde escolherem, a Prefeitura viabiliza e o museu é implementado e passa a ser um ponto de visitação na cidade", declarou Doria.
Segundo o secretário de Cultura, André Sturm, também presente no evento, o primeiro edital do MAR levará pinturas para outros sete endereços, além do da zona norte. Cada coletivo de artistas selecionado para colorir os espaços vai receber entre R$ 10 mil e R$ 40 mil, dependendo do tamanho do muro e do número de grafiteiros envolvidos. As despesas com tintas e com os cachês dos muralistas serão pagos pela empresa patrocinadora.
Os grafiteiros presentes no primeiro MAR pareciam ter deixado no passado o conflito que tiveram com o prefeito no início da gestão. Autor de um dos desenhos apagados na 23 de Maio, o grafiteiro Deley, de 18 anos, por exemplo, estava entre os artistas que pintavam o muro da zona norte neste domingo. "Na época, eu achei que (apagar os grafites) foi uma falta de respeito e de diálogo, mas decidi participar do projeto porque considerei que é uma oportunidade para mostrar o valor da arte."
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