O noticiário cotidiano sempre trouxe notícias de corrupção. Mas ultimamente tem crescido a intensidade e gravidade dos fatos. Chegamos ao ponto de termos hoje, um ex-presidente da República processado, o presidente acusado, presidente da Câmara dos Deputados cassado além de muitos senadores e deputados acusados de corrupção. A operação “Lava Jato” está causando um terremoto. Religiosos também não escapam das acusações. Quando falamos em corrupção pensamos logo no político, mas há muita gente fora da política que pratica a corrupção. Podemos nos perguntar diante deste quadro: quis custodit custodes? Quem vigia os vigias?
O povo foi traído por partidos que se elegeram prometendo combater a corrupção mas ao que parece, a mesma foi promovida em grau elevado. Estamos entre os países mais corruptos do mundo. Estudiosos creditam ao alto índice de corrupção, a responsabilidade pelos vergonhosos indicadores sociais, acrescentando que a corrupção enfraquece a economia dificultando o desenvolvimento.
A corrupção embalada pela máxima de levar vantagem em tudo e acima de todos, existe hoje em toda parte do mundo. Aqui entre nós, porém, demonstra ser uma instituição solidificada pela “cultura da corrupção” que faz exclamar; todos roubam, por que eu não posso também?
Certo rei perguntou aos ministros a causa de tanta corrupção no Reino, o dinheiro público não chegava ao destino ou chegava diminuído. Um ministro tomou uma pedra de gelo deu ao que estava a seu lado e pediu para passar até chegar ao rei. Quando a pedra chegou estava bem pequena. Esta é a explicação, passa por muitas mãos, muitas delas corruptas e sempre deixa alguma coisa.
Toda esta situação expõe-nos uma crise moral ou um vazio ético. O corrupto é o que perdeu a noção de bem e de mal. A moral tem como meta a responsabilidade e a justiça como expressão do respeito mútuo na relação com o próximo. Desviando-se destes parâmetros cai-se no vazio. É o que estamos vivendo, um vazio ético. A consequência é a desmoralização, desorientação, perda de sentido, falta de referenciais básicos.
Esta crise tem sua raiz mais profunda na exacerbação da suspeita sobre qualquer código de moral seja comercial, do partido, das igrejas, etc. Neste clima de suspeita geral, a ética seria projeção doentia do próprio indivíduo (Freud), seria também falsificação ideológica da classe social (Marx) e ainda, justificação da debilidade humana (Nietzsche). Assim, a embriaguez da autonomia da razão, impulsionada pelo individualismo, gerou uma “moral” sem limites e sem referências, ou seja um vazio ético.
É preciso preencher este vazio ético e isto já vem sendo feito pelos que propõem uma nova ética para toda a humanidade, ética sem a qual a Humanidade vai fracassar.
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