Diarinho Titulo Gêmeos
Irmãos mais do que unidos
Tauana Marin
Diário do Grande ABC
28/05/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Imagine dividir a barriga da sua mãe com outra pessoa. Pode ser mais de uma também, idênticos a você ou nem tanto. Essa situação reflete a vivência de irmãos gêmeos. Entre igualdades e diferenças, sejam elas físicas ou de comportamento, sempre há individualidades entre esse tipo de familiares.

“Antes nos vestíamos iguais e tínhamos o mesmo rosto e jeito. Quando uma ficava triste, a outra chorava. Hoje, quem convive com a gente não tem como nos confundir”, afirma Eduarda Gomes Bisquolo, 11 anos. Ela e a irmã, Rafaela, são cara uma da outra, mas possuem personalidades diferentes. “Sou extrovertida e falo demais por ser agitada. Minha irmã é o avesso. Eduarda é tímida e muito organizada”, conta Rafaela.

O fato de serem gêmeas não as incomoda em nada. Na verdade, acaba sendo sinônimo de diversão. Já colocaram roupas iguais e se arrumaram da mesma forma para tentar confundir as pessoas. Com o tempo, os amigos do Colégio Singular, de São Caetano, passaram a reconhecer a dupla, observando detalhes como o comprimento do cabelo, o uso de aparelho ortodôntico e os estilos diferentes na hora de se vestirem

A escola também recebe João Luis e Ana Beatriz Morales de Oliveira, 11 anos. Apesar de dividirem o mesmo espaço uterino, o casal de irmãos é quase cópia na maneira como se comporta. “As pessoas nunca acham que somos (gêmeos). Porém, somos muitos parecidos no jeito de ser. Somos tímidos, nos damos muito bem e nos divertimos juntos”, diz João Luis. Cada um conhece muito bem o outro. “Ele adora correr, por isso curte ver coisas de atletismo. Também gosta bastante de feijoada”, revela Beatriz. “Já ela adora colecionar ursos de pelúcia, é bastante desorganizada, adora dançar e seu prato preferido é macarronada”, informa Luis. “Nunca fomos tratados iguais pelos nossos pais. Brigamos como qualquer irmão, mas também vivemos juntos. Adoramos ver filmes de ação. É uma coisa que fazemos bastante.”

CUMPLICIDADE - A cumplicidade característica do parentesco se reflete no dia a dia. Um exemplo é a necessidade do outro para se sentirem seguros e felizes. É exatamente isso que acontece com os trigêmeos Arthur, Maria Eduarda e Otávio Sarmazo Rosa, 10 anos, moradores de São Bernardo. Os alunos do Colégio Ábaco admitem que, entre ‘tapas e beijos’, se divertem e cuidam um dos outros. Maria Eduarda é eleita a protetora. “Como estudamos na mesma sala, às vezes, os cuidados dela até pareciam chatos. Se meu lápis caia no chão, ela avisava na hora’, lembra Arthur. “Hoje não ligo mais.” Mesmo com as implicâncias, os dois sabem bem das qualidades da menina. “Ela é legal e extrovertida, tanto que não para de rir”, brinca Otávio.

A família do trio ainda conta com um quarto irmão mais novo, de apenas 4 anos, com quem Maria Eduarda diz adorar passar o tempo e cuidar. Apesar de tudo, a relação com os outros dois também é por toda a vida, tanto que, no futuro, não se vê longe dos parceiros. “Conseguimos, de vez em quando, estudar juntos e nos ajudar. No futuro, espero morar perto deles.”

Genética torna todos únicos

Quando duas ou mais crianças são geradas no útero da mãe, ao mesmo tempo, damos o nome de gestação gemelar. ‘Gêmeos’ é como chamamos quando há dois bebês na barriga, trigêmeos (três bebês), quadrigêmeos (quatro crianças), e assim por diante.

Há dois tipos: aqueles que nascem iguais e os que são diferentes fisicamente. Os monozigóticos (ou univitelinos) são geneticamente idênticos e possuem características físicas semelhantes. Já os gêmeos dizigóticos podem ter até sexo diferente e não são geneticamente mais parecidos do que qualquer outro irmão existente na família.

Os bebês podem ter bolsas e placentas (o local onde o feto se desenvolve e por onde se alimenta e respira, respectivamente) independentes ou compartilhadas. No entanto, embora os gemelares carreguem a mesma carga genética, cada um é único. É como se os ingredientes de um bolo fossem os mesmos para duas pessoas cozinharem, mas tudo resulta em um prato completamente diferente do outro.

Por mais proximidade que possam ter, crianças geradas juntas na barriga da mãe têm personalidade própria. Podem gostar de se vestirem iguais ou não. Muitas vezes, cortes de cabelo distintos e uso de acessórios ditam as características de cada um.

Dupla é maioria nas gestações gemelares e casos têm crescido

Segundo levantamento mais recente, dos 58.571 pares desse tipo de nascimento no País, 57.138 foram de gêmeos e 1.433 de trigêmeos e mais irmãos. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que, entre 2004 e 2014, o registro de gêmeos aumentou 28,5%, com a quantidade de trigêmeos ou mais caindo 7%. Entre as taxas de nascidos-vivos, as maiores são no Sudeste e no Sul, com a região Norte apresentando menor incidência.

A possibilidade de nascimento de múltiplos aumenta quando as mulheres utilizam tratamentos para conseguir engravidar com facilidade. Nesses casos, mais óvulos (formados por hormônios no corpo da mulher e que se junta ao espermatozoide para formar o feto) ficam disponíveis, elevando as chances de gravidez.

Gêmeos costumam respeitar mais o espaço ocupado pelo outro em algum lugar. A ação é chamada ‘lealdade invisível’.

Um terço das gestações de gêmeos é de irmãos univitelinos, ou seja, aqueles que possuem semelhança física.

Consultoria de Liana Isler Kupferman, psicóloga clínica especializada em gêmeos.




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