Limitação é algo que os atletas da Seleção Brasileira de Atletismo Paraolímpico ignoraram. É só acompanhar o treino da equipe, que desde quinta-feira está concentrada em São Caetano, para conhecer o significado da palavra superação. São 21 atletas com limitações físicas que escolheram lutar por medalhas a ter que lamentar o resto da vida.
É com esse espírito que o grupo se prepara para manter a hegemonia no Parapan do México, em outubro, mas com os olhos em Londres-2012, onde a expectativa é pelo melhor resultado do Brasil na história.
Entre os candidatos à medalha está Lucas Prado. O velocista é o recordista mundial nos 100 e nos 200 metros rasos, além de ser dono de três ouros nos Jogos Paraolímpicos de Pequim, em 2008. Natural de Rondonópolis, no Mato Grosso, Lucas perdeu 90% da visão em 2002, de repente, quando era funcionário de um banco. "Houve descolamento da retina. Depois passei por tratamento, a visão melhorava e piorava até que em 2006 fiquei totalmente cego", conta.
Quem não sabe do diagnóstico se espanta. Lucas faz quase tudo sozinho, tamanha noção sensorial que desenvolveu. Mas nem sempre foi assim. "Passei dois anos apenas pensando em suicídio. É uma época que nem gosto de lembrar, mas consegui superar. Hoje tenho uma vida muito mais feliz do que quando enxergava, sou exemplo para muitas pessoas, faço palestras e vivo do esporte", ressalta.
Ao redor eram outras dezenas de histórias de superação. Alan Fonteles, de 18 anos, considerado a maior revelação brasileira nos 100 e 200 metros, perdeu as duas pernas com 21 dias de vida, mas nem por isso deixou de sonhar. "Sempre quis ganhar medalhas para meu País. O atletismo foi paixão à primeira vista. Hoje levo vida normal e lido bem com a curiosidade dos fãs", revela o velocista, que é muito conhecido em Ananindeua-PA (leia ao lado).
Para tornar sonho em realidade, Alan precisou de próteses caríssimas. "Elas são fabricadas na Islândia e custam cerca de R$ 50 mil. Meu patrocinador e a Confederção conseguiram comprar sem impostos e custou R$ 20 mil", comemora.
O único representante da região no grupo é André de Oliveira, que administra o CER Vila São José , local onde a Seleção usa para treinos. Aparentemente o atleta do salto triplo não apresenta deficiências, mas em 1997 teve que reconstruir o joelho esquerdo. "Era atleta e na busca por índice para o Mundial rompi todos os ligamentos e o nervo do joelho. Foram três cirurgia e sete anos longe das competições. Agora retomei a confiança, me encaixei nas regras paraolímpicas e estou feliz ", constata o saltador, medalha de prata no Mundial disputado em janeiro.
Alan Fonteles é mais um filho ilustre de Ananindeua-PA
A água de Ananindeua deve ter algo muito especial. O município localizado no Pará continua revelando grandes nomes ao esporte brasileiro. O mais famoso é o meia Paulo Henrique Ganso, do Santos e da Seleção Brasileira. Foi lá que nasceu também a volante Formiga, do futebol feminino e o lutador Lyoto Machida.
O filho mais recente do município é Alan Fonteles, cotado para medalhas nos 100 e 200 metros no Parapan do México, em outubro. "Realmente é bem estranho. São muitos esportistas nascidos em Ananindeua. Lá sou bastante conhecido, tiro fotos e dou autógrafos sempre que ando na rua", comenta o velocista.
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