Trabalhadores da fabricante de tintas Akzo Nobel fizeram ontem manifestações em frente das unidades fabris da empresa em São Bernardo, em São Paulo (no km 18,5 da Rodovia Raposo Tavares) e em São Roque (no interior do Estado).
O objetivo foi protestar contra a decisão da companhia de fechar a fábrica na Capital, demitir os funcionários dessa filial (318 pessoas) e transferir toda a produção para as instalações da Tintas Coral em Mauá.
A Tintas Coral pertencia ao grupo inglês ICI, que foi adquirido pela holandesa Akzo Nobel no ano passado.
A transferência foi considerada arbitrária pelos sindicalistas. Isso porque, segundo coordenador do Comitê Nacional de Trabalhadores da fabricante, Sérgio Carasso, o anúncio das demissões foi feito sem que houvesse a abertura de negociação com os sindicatos. "A empresa abriu um PDV (Programa de Demissões Voluntárias) sem benefícios", acrescenta.
Em relação ao PDV, a companhia contesta que não haverá pacote de benefícios e informa que serão estudados, em conjunto com os sindicatos de trabalhadores, os incentivos que serão oferecidos aos empregados que decidirem se desligar dessa filial. E os cortes não serão imediatos. A área de tintas e vernizes será transferida até o fim do ano e a de resinas, até meados de 2010.
A Akzo comunica ainda que, após a aquisição da ICI, foi iniciada série de estudos para otimizar recursos disponíveis. A avaliação foi de que a companhia ficou com duas unidades muito próximas no mesmo segmento - na Raposo Tavares estão as marcas Wanda e Ypiranga, de tintas decorativas e em Mauá, a Coral. Em São Bernardo, a empresa também tem planta fabril, mas de repintura automotiva.
A escolha do Grande ABC para concentrar a atividade se deveu, entre outros fatores, à área dessa filial - são 1 milhão de m² -, o que daria melhores condições de receber linhas de produção adicionais.
Carasso afirma ainda que a indústria de tintas está rompendo contratos de temporários na unidade de Mauá. Segundo ele, há 120 empregados nessa situação, além dos 600 efetivos.
A Akzo nega que haja rompimento de contratos. Segundo a empresa, nem mesmo há 120 pessoas atuando por prazo determinado no local.
SETOR - Depois de registrar, em 2008, crescimento recorde, de 7% frente a 2007, o setor nacional de tintas observa desempenho bem mais fraco neste ano.
A crise financeira internacional, que gerou queda nas vendas de automóveis e também de imóveis, encolheu o faturamento no primeiro trimestre. "Calculamos que (o faturamento do setor) ficou cerca de 10% abaixo do mesmo período do ano passado", estima o assessor da diretoria do Sitivesp (Sindicato das Indústrias de Tintas e Vernizes do Estado de São Paulo), Airton Sicolin.
A projeção para o ano todo é de que o segmento deverá girar entre crescimento zero a uma alta de 2%. "A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para tintas base água pode impulsionar as vendas", avalia o assessor.
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