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Chirac e Villepin estão em apuros e oposição evoca crise de regime
Da AFP
05/04/2006 | 15:48
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Forçados a recuar sob a pressão das ruas, o presidente francês Jacques Chirac e seu primeiro-ministro Dominique de Villepin parecem ter perdido o controle na gestão da crise do CPE (Contrato de Primeiro Emprego), tanto que a oposição agora fala em "crise de regime".

O conflito social provocado pela aprovação da lei instituindo o CPE se transformou, em dois meses, numa verdadeira crise política suscetível de abalar o executivo e de intensificar as rivalidades dentro do governo, a um ano da eleição presidencial.

Com 73 anos, o chefe de Estado aparece mais fragilizado do que nunca. Sua maneira de lidar com a crise o levou a isolar Villepin, seu candidato favorito à eleição presidencial de 2007 contra o ministro do Interior Nicolas Sarkozy, seu inimigo comum.

Pior: sua intervenção não fez nada além de aumentar a ira e a determinação dos detratores do CPE, como se sua palavra tivesse perdido qualquer credibilidade.

Pela primeira vez desde a instauração, em 1958, da V República pelo general Charles De Gaulle, ele promulgou uma lei pedindo que ela não seja aplicada, desatando os sarcasmos da imprensa e da oposição de esquerda, unida e fortalecida pela crise.

Villepin, que havia transformado a aprovação do CPE em batalha pessoal e foi "afastado" da gestão do caso em benefício de seu rival Sarkozy, parece ainda mais enfraquecido.

"Para que serve Villepin?", perguntava nesta quarta-feira o jornal popular Le Parisien.

Para os analistas, o premiê pode ter enterrado suas chances para a eleição presidencial de 2007.

"Vai ser muito difícil para ele voltar na corrida", considera o analista político Philippe Braud. "Se novas peripécias não vierem complicar o jogo político atual, Sarkozy será, de fato, o grande vencedor desta crise", acrescentou.

Como presidente da União por um Movimento Popular (direita) no poder, o ministro do Interior e número dois do governo foi encarregado por Chirac de conduzir as negociações sobre o CPE com os sindicatos.

A esquerda também vê suas chances aumentar de forma significativa - e inesperada - na perspectiva da próxima eleição presidencial, e evoca abertamente uma "crise de regime" na França.

"Vocês não governa mais", disparou ao primeiro-ministro o presidente da bancada socialista na Assembléia Nacional (Parlamento), Jean-Marc Ayrault.

"Você detém a aparência do poder, mas não o exerce mais. Trata-se de uma crise de regime, com dois primeiros-ministros", Villepin e Sarkozy, prosseguiu.



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