O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), negou que a reforma administrativa, aprovada nesta semana, tenha como um dos objetivos a privatização do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Com a mudança na estrutura governamental do Paço, a autarquia fica vinculada à nova Pasta de Meio Ambiente e teve funções retiradas, como o licenciamento ambiental, que foi transferido para a secretaria ambiental, e a Defesa Civil, agora encaminhada à Pasta de Segurança Cidadã.
Para o tucano, a ideia de privatização, no entanto, não é cogitada, e teria ganhado força no governo anterior, do ex-prefeito Carlos Grana (PT). “A oposição (petismo) não tem moral para falar desta questão, pois eles queriam entregar o Semasa para a Odebrecht Ambiental. Infelizmente alguns integrantes da bancada do PT ainda acham que a eleição não acabou”, criticou.
Na visão do chefe do Executivo, a mudança na gestão da empresa é necessária. “O modelo atual não funciona tanto na parte operacional, já que a cidade sofria com falta de água até pouco tempo, quanto na questão financeira por conta de dívida alta, que em parte já virou precatórios. Esses débitos pressionam as finanças do município”, defendeu o tucano. Os débitos da autarquia com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) somam R$ 3,4 bilhões.
A oposição alegou, por sua vez, que as tratativas entre a autarquia e a Odebrecht em 2016, quando um contrato de R$ 3,37 bilhões quase foi assinado, não previam a privatização da companhia. “Naquele momento, a Prefeitura conduziu um processo de aumento da capacidade de tratamento e produção de água, por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada). Não se tratava da entrega da empresa para a iniciativa privada”, rebateu o vereador Eduardo Leite (PT). Ainda na concepção do petista, a perda de atribuições do Semasa causa o “enfraquecimento da autarquia”.
O Diário publicou na edição de ontem que a delação do ex-executivo da empresa Odebrecht Ambiental Guilherme Pamplona Paschoal, ao MPF (Ministério Público Federal), detalhou doações de R$ 500 mil, de forma oficial, a Carlos Grana e de R$ 400 mil, por meio de caixa dois, ao ex-prefeiturável em Santo André Nilson Bonome (PMDB) no processo eleitoral de 2012.
Paschoal contou aos promotores que, apesar de a doação à campanha vitoriosa de Grana ter sido efetuada por meios legais – a companhia depositou os recursos ao PT, que repassou à candidatura do petista –, o então deputado estadual estava ciente de que a Odebrecht tinha interesses na “privatização” do Semasa.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.