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Esporte vira sem-teto em S.Caetano
Elaine Granconato
Da Redaçao
19/07/1999 | 23:12
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Os vereadores de Sao Caetano aprovaram, por unanimidade, o projeto de lei de autoria do Executivo que retira o comodato de uso da quadra poliesportiva do Centro Recreativo Erasmo Batissaco, no bairro Mauá, onde o CFB (Centro de Formaçao de Basquete) treina há sete anos. A entidade nao tem fins lucrativos e ensina os fundamentos do esporte a cerca de 70 crianças entre 6 e 13 anos.

Segundo os vereadores, o local estaria sendo utilizado como um clube particular e nao aberto para a comunidade - como o contrato previa - e se transformado num "depósito de ferro velho e lixo", conforme relata o processo nº 218/92, pelo fato de o CFB utilizar-se da colheita de sucatas para sua sobrevivência. Além disso, existe um movimento por parte dos moradores do bairro para uso do espaço.

A diretoria do CFB discorda da atitude do Legislativo e afirma que os vereadores desconhecem o trabalho realizado pela entidade. Para arrecadar dinheiro para as despesas com taxas de arbitragens e competiçoes, manutençao e limpeza da quadra, lanches e transportes, entre outras, o Centro é obrigado a arrecadar material reciclável, como listas telefônicas, jornais, revistas, papelao, vidros de palmitos e latinhas de alumínio.

"É um trabalho voluntário. A gente acaba formando uma família", afirma o técnico das categorias pré-mini, mini e da escolinha, além de diretor de esportes do CFB, Vicente França, 55 anos, de Sao Caetano, que diariamente sai em busca do material oferecido pela comunidade. Mesmo com o baixo valor do material reciclado, um quilo de jornal vale R$ 0,07, o de papelao R$ 0,08 e o da latinha R$ 1,20, segundo o professor, a entidade consegue se manter. "Tudo é conseguido na base do sacrifício", afirma.

Para a professora de educaçao física Vânia Nilce Fernandes, 44 anos, de Sao Caetano, mae de duas crianças que pertencem ao CFB, além do aspecto esportivo, a entidade tem uma funçao fundamental para o caráter formativo da criança. "Na minha casa nao se joga mais nada. Tudo vira material reciclado", afirma. A mesma opiniao tem o músico Sérgio Luiz Gallo, 37 anos, pai de Raul, 12 anos, e Victor, 6 anos, que treinam basquete no local. "O relevante trabalho desenvolvido pelo CFB nao pode acabar", afirma.

Educacional - Além de aprender os fundamentos básicos do basquete, os alunos sao obrigados a perceber a importância dos estudos. "A criança sabe que nao pode tirar quatro notas vermelhas no bimestre. Caso ocorra, o garoto terá de sair da escolinha para se recuperar e, só depois, retornar", disse França.

A diretoria da entidade é presidida pelo advogado Márcio de Azevedo Souza, que deve se reunir com representantes do prefeito Luiz Olinto Tortorello, ainda nesta semana, para solucionar o caso.




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