Mais recente lançamento dos Beatles, o álbum Love (EMI, R$ 40 em média) foi criado a partir da colaboração do maestro e produtor do grupo, George Martin, para a trilha sonora do espetáculo homônimo da trupe circense Cirque du Soleil, que narra a trajetória da banda. Para a empreitada, Martin teve o apoio do filho Giles, com quem explorou as fitas gravadas nos estúdios Abbey Road.
Por se tratar de uma banda que encerrou atividades há quase 40 anos e tem imensa lista de clássicos pop cristalizados na memória afetiva de milhões de fãs, parte da crítica especializada encarou o trabalho, que marca o fim da carreira do produtor, com justificada reserva.
Entretanto, basta uma audição cuidadosa para verificar que, ao contrário do que se poderia esperar, Love é um cheque com fundos, que respeita a história dos fab four em todas as 26 canções presentes em seu repertório.
As colagens sonoras produzidas pela dupla, que mixou trechos de várias músicas com qualidade digital de áudio 5.1, basearam-se, principalmente, no período posterior a 1965, fase que marca o ingresso dos Beatles no psicodelismo. Apesar de não terem participado ativamente do processo, os ex-integrantes Paul McCartney e Ringo Starr, e as viúvas Yoko Ono (John Lennon) e Olivia Harrison (George Harrison), incentivaram o projeto desde o início.
“Nós os incentivamos a bagunçar o quanto quisessem e mais um pouco. Ver as coisas dos Beatles ficarem mais chamativas e mais novas é como mágica”, declarou McCartney, no vídeo de divulgação do álbum.
Os mais conservadores podem até torcer o nariz, mas não há como negar que Love é um atestado da perenidade e do frescor da obra dos Beatles. O que dizer da dobradinha entre as baladas acústicas Blackbird e Yesterday? Pura sincronia.
A fusão entre as viajandonas Tomorrow Never Knows e Within You Whitout You, ambas com forte influência da música indiana, parece tão perfeita quanto goiabada com queijo. Um dos últimos sucessos do grupo, o rock Get Back, ganha ainda mais força com os acordes de A Hard Day’s Night.
Outros destaques são Something e a seqüência com as músicas Drive my Car, The Word e What You’re Doing.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.